As loucuras de Cazuza e Barrett

07/07/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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07/07/2014

Agir impulsivamente, ceder a um momento de raiva, tomar decisões sem pensar, ignorar o comportamento padrão. Embora você provavelmente tenha se identificado com algum ou todos esses sintomas, eles são típicos dos diagnosticados como loucos. Mas não se preocupe, de perto todo mundo é maluco. Syd Barrett e Cazuza também não escaparam de serem enquadrados como doidos, apenas em escalas diferentes. Neste mesmo dia 7 de julho, os dois nos deixaram, com 16 anos de diferença.

Syd Barrett nunca foi de respeitar regras e limites. Já na adolescência, largou a escola para estudar Artes, bebia excessivamente, fumava e não se encaixava no padrão do jovem da época. No mesmo ano em que formou o Pink Floyd com Nick Mason, David Gilmour, Roger Waters e Richard Wright, teve sua primeira viagem de LSD. A partir daí, a droga só potencializou seu sentimento de inadequação – e sua dificuldade em conviver com outras pessoas.

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Apesar da droga ter alavancado uma loucura mais séria e menos saudável em Barrett, foi o ácido lisérgico que o ajudou a construir uma das melhores estreias da música, The Piper at The Gates of Dawn (1967), o disco que inventou a psicodelia. O Pink Floyd era (e segue sendo) a trilha-sonora perfeita para viagens de LSD e a sonoridade da banda estava muito ligada aos efeitos da droga em Barrett, o único usuário ferrenho entre os integrantes.

Há quem diga que o LSD destruiu a mente de Barrett, mas também há quem diga que para algo ser destruído ele precisar estar frágil. O músico nunca bateu bem da cabeça e até certo ponto sua loucura era saudável. Mesmo sendo expulso da banda em 1968, cedendo lugar ao seu amigo de longa data, David Gilmour, é seguro dizer que o Pink Floyd jamais existiria sem Syd.

O nosso Cazuza não era louco do LSD: era taxado de maluco pela burguesia que criticava. A loucura de Cazuza, o próprio diria, era querer viver intensamente a vida e os amores que ela proporciona. Fora isso, abusava da bebida alcoólica e de drogas como a cocaína. Por vezes, não conseguia subir no palco para tocar com o Barão Vermelho antes de dar “uma ligada”.

Em 1985, a loucura do poeta já não cabia mais na banda. Cazuza sai do grupo para construir sua carreira solo. Ele continua a espalhar seus poemas em forma de música pelo Brasil e a criticar duramente o país. O compositor via no rock um som sem preconceitos, erótico e até destrutivo, uma bela ferramenta para desestruturar as bases ideológicas da família brasileira.

Cazuza era um doido varrido pela música. Um ano antes de sua morte, estava gravando, na cadeira de rodas e até deitado, seu último e derradeiro disco: Burguesia (1989). O que alguns chamaram de loucura o fez tão único que na sua lápide não precisaram escrever mais nada além de: Cazuza.

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07/07/2014

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