Arctic Monkeys executa sons com perfeição em São Paulo e faz da antipatia algo insignificante

19/11/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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19/11/2014

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

São Paulo esperou os britânicos do Arctic Monkeys chegarem para dar uma trégua no clima seco. A noite da última sexta-feira, 14, chegou acompanha de constantes pancadas fazendo o público presente na Arena Anhembi recorrer às capas de chuvas dos ambulantes que circulavam por lá.

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Não foi um problema para a grande massa curtir o show dos The Hives, que abriram a noite de forma calorosa promovendo um grande contraste do que vinha em seguida. Howlin’ Pelle, vocalista do grupo sueco, transformou a abertura da noite em momentos de muitas piadas, saltos ao som do seu punk garagem, cumprimentos na primeira fileira, alguns moshs suaves e muitas, mas muitas mesmo, declarações de amor pelos já “conhecidos fãs brasileiros”. Em seu blazer branco sintonizando com os demais blazers brancos do grupo, ele repetiu inúmeras vezes a frase: “Vocês nos amam! Nós amamos vocês! Shut uuuup!”. Esse show fez muita gente sorrir, pular, gargalhar e até quase sentar no chão sob o comando de Pelle. Quem foi pode confirmar: The Hives sempre é bom demais!

Depois de uma recepção calorosa e repleta de interação com o The Hives, Alex Turner, Andy Nicholson, Jamie Cook, Matt Helders e Nick O’Malley assumiram o palco com apenas três minutos de atraso, exatamente às 23h03min.

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

O show que integrou o encerramento da turnê latino-americana de AM (2013) foi a primeira apresentação do grupo no Brasil fora de festivais. A banda participou do line-up do Lollapalooza Brasil 2012 e no finado Tom Festival de 2007. A simpatia não era algo esperado e foi nesse tom blasé que os britânicos deram início aos trabalhos. Em meio à música “Crying Lightining”, Alex Turner mandou um discreto cumprimento: “São Paulo, nós somos os Arctic Monkeys”. Isso foi o suficiente para alegria dos fãs, que inesperadamente também ouviram o vocalista falar uma frase introduzindo a próxima canção em um português gringo medonho: “Ontem conheci uma garota que se chama Arabella”.

A performance dos Monkeys foi introspectiva como todo grupo típico do Reino Unido costuma ser. Apesar disso, o recado foi dado: não é preciso simpatia para fazer todo mundo gritar, pular e cantar do início ao fim. A execução das músicas foram o suficiente para agradar aos fãs que entoavam os refrões.

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

Com um set-list para agradar qualquer fã de carteirinha, a banda resgatou sucessos de seu primeiro álbum, Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not (2006), com “I Bet You Look Good on the Dancefloor” e “Dancing Shoes”, e passeou por outros hits de sua bagagem de discos nos sons “Brianstorm”, “Cornestone”, “Teddy Picker”. Rolou “R U Mine”, “Do I Wanna Know” e “Why’d Only Call Me When You’re High?”, entre outras canções do álbum que dá título à turnê.

No palco, os movimentos foram mínimos. Como se houvesse marcações fixas para uma possível gravação, os integrantes não saíram de um círculo imaginário como limite. Nesta distribuição e linearidade de movimentos, quem se destacou foi o baterista Matt Helders, que manteve a pegada rápida no bumbo enquanto mandava uns backing vocals super variados de tons. Quanta coordenação e talento!

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

E enquanto víamos bonequinhos blasés intactos no palco, também víamos mais a silhueta dos integrantes do que o rosto deles em si. A iluminação do palco estava propícia para um vídeo em preto e branco, estourando o palco com uma boa quantidade de holofotes do fundo do palco ofuscando a visão de quem estava assistindo ao show. Talvez por não querer aparecer, por querer valorizar o equalizador gigante que simulava a capa do disco AM ou pra gravar e testar um vídeo pra valer.

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

Com essa mensagem de que “nós somos foda”, “só temos hits”, “nosso som ao vivo é perfeito” e “foda-se a simpatia” que a banda mostrou segurança de seu trabalho. Alex Turner, um homem (sim, ele cresceu!) fora do padrão de beleza, levou as mulheres presentes aos gritos com o seu charmoso cabelo embalsamado de gel, jaqueta de couro preta e calça jeans justa. O look, por sinal, foi reproduzido por vários fãs homens presentes: na saída do show, por exemplo, era possível confundir vários caras com o Alex (MESMO).

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

A influência de Josh Homme parece ter sido um tapa de amadurecimento na performance da banda. Em certos momentos, Turner lembrou a “transa” de Homme com a guitarra, cantando de olhos fechados e fazendo movimentos sexys enquanto tocava. Propositalmente ou não, é explícita a mudança da banda após o disco Humbug (2009), produzido pelo frontman do Queens Of The Stone Age.

Entre uma pancada de chuva e outra, cerca de 30 mil pessoas presentes puderam presenciar o show dos Monkeys. A pista VIP estava confortavelmente ocupada, com espaço para circular sem empurrões. Logo atrás, a pista normal foi tomada por jovens fãs, muitos acompanhados dos pais. A maior parte do público, nitidamente, não passava dos 25 anos de idade.

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

Foto: Stephan Solon/Move Concerts

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19/11/2014

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