As histórias e os discos de Kid Vinil

26/03/2015

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Lidy Araujo

Por: Lidy Araujo

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26/03/2015

Uma das figuras mais emblemáticas do rock brasileiro acaba de ter sua vida contada em livro. “Kid Vinil – Um Herói do Brasil” (Edições Ideal), de Ricardo Gozzi e Duca Belintani, é uma “biografia autorizada”, que conta como Antonio Carlos Senefonte (seu nome de batismo) se transformou num dos caras fundamentais na história da música nacional.

Kid atuou não só como artista, mas também como executivo de gravadora – nesta função, foi o responsável por trazer ao Brasil catálogos de artistas como Frank Zappa, Belle & Sebastian e Cat Power -, radialista, jornalista, DJ e apresentador de TV – foi ele que mostrou ao público, em primeira mão, artistas como Ira!, The Smiths, REM e Pixies. Hoje, incansável, continua a compartilhar seu conhecimento num programa de rádio, enquanto prepara outros lançamentos, sobre os quais ele também fala nesta entrevista.

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Sua trajetória é longa e rica. Não deve ter sido fácil relembrar tantas histórias para o livro.
Sou muito amigo de um dos autores, o Duca Belintani, e ele conhece uma boa parte da minha carreira. Duca é guitarrista e tocou comigo durante anos. Em muitas conversas, alinhavamos o que seria essa biografia e, juntamente com com o Ricardo Gozzi, ele elaborou a biografia.

Você viveu histórias incríveis. Viu o punk acontecer em Londres, fez parte de bandas, lançou artistas, proporcionou ao público brasileiro o acesso a artistas internacionais, enfim… A pergunta é: ao relembrar tudo isso, o que mais emocionou você?
Tem muita coisa que aconteceu desde a década de 80. A primeira viagem a Londres pra conhecer o punk e ver shows, o primeiro sucesso do Magazine com “Sou Boy”, o primeiro programa de rádio e também na TV… Enfim, há uma série de acontecimentos que marcaram minha trajetória.

Nem sempre o que mais emociona é o que mais nos dá orgulho. Entre tantos feitos, qual te dá mais orgulho?
Foi quando estouramos nacionalmente com “Sou Boy”. Eu nem esperava tudo aquilo e, de repente, eu estava em todas as emissoras de rádio e TV, em todo Brasil.

No livro, há histórias nunca antes contadas?
Minha biografia conta histórias da minha vida e fatos interessantes. Não vejo nada polêmico, apenas coisas divertidas como a polêmica sobre a minha idade nos anos 80, quando todos me achavam mais velho do que eu era.

Você sabe: sua bio vai estar na prateleira ao lado da bio de nomes como Justin Bieber que, apesar de ser um pop star, não tem 1/3 da sua experiência. Como você vê isso?
Não sou critico em relação à bio de ninguém, pois todo mundo tem uma história. Mesmo jovem, o garoto teve toda uma trajetória pra chegar onde está. Tudo bem, eu tenho mais vivência, mas queria ter 1/3 dos fãs que ele tem pra vender muitos livros (risos).

A propósito, acompanha o momento atual da música? Como o vê?
Eu tenho um programa de rádio pela internet, na Brasil 2000, e toco muita coisa da cena indie rock, principalmente internacional, que hoje é riquíssima, mas poucos por aqui recebem essas informações, só os mais ligados em internet e os pesquisadores. Tem muita coisa legal nessa cena, tanto inglesa como americana. Aqui no Brasil, minha banda favorita, entre as mais novas, é o Boogarins, de Goiânia.

E como imagina que será daqui pra frente?
Aqui no Brasil não está fácil. Lá fora, como disse, tudo corre normalmente, mas é uma pena, pois temos boas bandas que têm a maior dificuldade pra entrar na mídia, por falta de espaços pro rock, que ficaram bem limitados. Uma pena!

Você está com 60 anos. Poderia estar pensando na sua aposentadoria, mas não está. O que ainda tem vontade de fazer?
Um livro autoral está nos planos, assim como um novo disco com minha banda, o Kid Vinil Xperience, e se pintasse algo no rádio ou na TV, também acharia legal.

O release do seu livro diz que sua coleção de discos não para de crescer. O que você tem consumido?
Compro muito vinil de bandas novas e antigas. Recentemente, comprei o vinil duplo do Temples, uma banda inglesa de que gosto muito e que, inclusive, toca no Brasil nos próximos dias (N.R.: em maio, no Popload Gig, em São Paulo), mas compro muito vinil pelo eBay, também por lojas independentes inglesas, como a Rough Trade.

Nessa coleção, o que podemos encontrar de mais especial?
Difícil. Gosto de tanta coisa de rock desde a década de 50, tenho quase 30 mil títulos. Não sei, acho que salvaria dois discos dos Beatles, “Revolver” e o álbum branco; dois dos Rolling Stones, “Exile on Main Street” e “Beggars Banquet”; e um do Faces, “A Nod as Good as a Wink…”.

Como você vê essa “volta” do vinil?
O vinil nunca deixou de ser fabricado lá fora. Hoje, a indústria incentiva o comércio do vinil através de datas especificas, como o Record Store Day, que acontece todo ano, em abril, na Europa, nos Estados Unidos e e pelo resto do mundo. Aqui, existem feiras de vinil em todos os estados, lojas especializadas, e eu acho bom. A Deck Discos prensa vinil no Rio de Janeiro e o consumo aumentou, mas o único problema tem sido o preço. O vinil virou artigo chique, cult e de luxo.

Veja uma prévia de “Kid Vinil – Um Herói do Brasil”:

O livro do Kid Vinil pode ser adquirido aqui

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26/03/2015

Lidy Araujo é uma grande mulher. Porém, louca.
Lidy Araujo

Lidy Araujo