.45 | O guia definitivo do vinil em Nova Iorque

02/12/2014

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Stéfanis Caiaffo

Por: Stéfanis Caiaffo

Fotos: Patrícia Jerônimo

02/12/2014

Pesquisa: Stéfanis Caiaffo & Brad Loving – birdandwhale.com

A música negra feita nos Estados Unidos é internacionalmente conhecida e não à toa. É de espantar que um único país tenha visto nascer gêneros como o blues e o gospel, as inúmeras variações do jazz, o rhythm and blues, a soul music, o funk setentista, o rap e o rock and roll. Isso que nem estou colocando no cálculo tudo o que saiu e proliferou a partir da disco em direção à música eletrônica e tudo o que não poderíamos classificar propriamente como música negra – country e folk, por exemplo, e toda a música pop. Além disso, uma certa relação com os discos de vinil parece nunca ter sido plenamente rompida por lá, tampouco tão enfraquecida como aqui no Brasil. Em outubro passado tive a chance de ir aos Estados Unidos pela primeira vez para três semanas em Nova Iorque: tomei fôlego, fui atrás do visto, arrumei minha passagem e um cantinho no sul do Brooklyn, uma mala pequena com pouca coisa e parti. O objetivo-chave era conhecer principalmente a cena musical de lá, tanto quanto possível, também ver bons DJs tocando e, claro, correr atrás de acervo pra VooDoo e os demais projetos. Prum confesso apaixonado pela música de lá e pelos discos de vinil, porém, esta missão soava como caminhar reto até uma das portas principais do paraíso para curtir uns momentos à entrada. Como me diz uma amiga aqui de Santos: lá fui eu pra disneylândia dos DJs. A convite da NOIZE, preparei um mapa com algumas das lojas que visitei e compartilho ele com vocês aqui na .45. Todas as lojas do mapa foram visitadas pessoalmente e vocês encontraram pequenas descrições no próprio mapa. Não entraram na lista somente aquelas que realmente não valiam a visita por nenhum motivo ou aquelas cujo dono ou atendente não autorizou a inscrição no guia.

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Antes do mapa, porém, algumas dicas:

1. Na ida, lembre-se que vinil pesa e que os aeroportos de lá são bem rigorosos. Dependendo da sua fome por discos, ao invés de fazer uma viagem com todas aquelas roupas bonitas que você sonha em levar pra passear em Manhattan, opte por levar o essencial e prefira as malas pequenas que distribuem o seu peso na volta. Se seus vôos chegam e saem de Newark e/ou La Guardia, saiba que estes aeroportos não fazem aqueles pacotes plásticos aos quais estamos acostumados por aqui. Nos Estados Unidos, estas estações de empacotamento existem somente em aeroportos internacionais. Se puder, escolha o JFK para um grau de precaução e por melhores e mais diretas conexões com a cidade toda. Um táxi de Newark para Coney Island ou até mesmo para o Queens, por exemplo, pode sair uma pequena fortuna, e mesmo para o Brooklyn já é salgado. Além disso, saiba que o controle de fronteira deles tem sim autonomia para abrir a sua mala e não tem choro. Cuide bem o que você pretende colocar dentro dela;

Village Music World

Village Music World

2. Lá, se jogue de cabeça, mas saiba nadar: não gaste todo o seu ar no primeiro pulo. Acredite: você sempre vai encontrar mais do que imaginava a cada nova visita, a cada nova loja. Um LP novo, em média, sai por volta de US$20,00. Usados têm preço relativo à prensagem e podem ir de US$1,00 a preços que tenho vergonha de publicar aqui. Os 12” têm preço médio de US$15,00 e os 7” mais genéricos são muito baratos porque muito pouco procurados pelos próprios norte-americanos: o colecionismo no formato ainda é uma cultura muito mais forte na Europa. Se você procura 7” mais raros, o preço é correspondente aos catálogos internacionais. Procure antes de comprar para não levar gato por lebre. Além disso, prepare-se para gastar bastante tempo, porque as lojas costumam ter muito acervo e as horas voam no meio de tanto disco bom. A imensa maioria dos acervos é de música feita e prensada nos próprios Estados Unidos, embora isso pareça óbvio. Prefira sempre as lojas que te deixam escutar os discos antes, claro, mas obedeça as sempre bem sinalizadas regras pra isso. A cultura do vinil tem suas regras tácitas;

Cartões de visita reunidos em Nova Iorque

Cartões de visita reunidos em Nova Iorque

3. Na volta, nunca esqueça de pedir o retorno de tudo o que você pagou de impostos no aeroporto, facilidade muito justa que alguns países dão aos visitantes. Discos de vinil podem vir na sua mala sem muitos problemas, contanto que você não seja imprudente a ponto de acondicioná-los mal. A Turntable Lab tem hard e flight cases para todos os formatos, caso você prefira despachar seu material em total segurança. Você também pode, eventualmente, pedir para enviarem pelo correio, mas há um bom acréscimo de valor. Lembre-se que sua cota de entrada no Brasil é de US$500,00. Ainda que este valor se transforme em muitos discos lá, dependendo da sua sagacidade e persistência, se você planeja passar disso pesquise bem as regras de entrada no Brasil e guarde as notas fiscais do que você vai trazer. Na chegada, a revista é feita por amostragem. Se você for escolhido pra revista e passou da cota, vai morrer em todos os impostos cobrados quando do ingresso de produtos importados no país, de acordo com as regras públicas e principalmente se trouxer discos novos. Ajuda não trazer discos repetidos. Malas pequenas ajudam a não ser escolhido pra revista, e toda discrição também. Traduzindo: ajuda não voltar pro Brasil com aquela enorme cara de turista acenando pra aduana. Se você for escolhido pra revista, não tente mentir: é o pior hábito que você pode ter diante da polícia.

Village Music World

Village Music World

Minha Hot List em Nova Iorque:

LPs usados: Norman’s Sound & Vision
7” usados: House of Oldies – houseofoldies.com
12” usados: A1 – a1recordshop.com & Academy Annex – academyannex.tumblr.com
LPs novos: Other Music – othermusic.com
7” novos: Rough Trade – roughtrade.com
12” novos: Turntable Lab – turntablelab.com
Boxsets e edições especiais: Village Music World
Equipamentos: Turntable Lab – turntablelab.com

Embrenhe-se no mapa e boa viagem!!

AGENDA GROOVE CULTURAL/DEZEMBRO:

03/12 – Discotecagem no Festival Cartograma de Artes do Corpo, Unifesp, Santos/SP
14/12 – Discotecagem na Feira de Trocas, Restaurante Arroz Integral de Maria, Santos/SP
19/12 – Discotecagem no show da O.C.L.A., Novo Hamburgo/RS
20/12 – Discotecagem no Projeto Experimental 93, Porto Alegre/RS
24/12 – Baile VooDoo de Natal, Galpão do IBGE, Porto Alegre/RS

Feijão com Farofa – todas as quintas-feiras às 20 horas em www.minima.fm
Backups e mixtapesmixcloud.com/caiaffo

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02/12/2014

Stéfanis Caiaffo a.k.a. Dr. Caiaffo é residente da Festa VooDoo, em Porto Alegre, e da festa Bossa Negra, em Santos.
Stéfanis Caiaffo

Stéfanis Caiaffo