Orbiphones: a música das ruas

12/05/2011

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

12/05/2011

Publicamos ontem, neste link, uma entrevista com Rebecca Raia, que administra hoje o Metrophones. O blog foi criado em janeiro, em parceria com Daniel Babalin, que hoje toca outro projeto, o Orbiphones. Enquanto o primeiro é focado no metrô, o segundo busca a música das ruas. De todo modo, são dois projetos superinteressantes e, agora, você conhece um pouco mais sobre o Orbiphones, na entrevista que fizemos com seu criador.

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Como e em que situação começou o Orbiphones?
A semente do Orbiphones surgiu logo após eu ter visto o vídeo do Scott Schuman para a série Intel Visual Life, falando sobre seu trabalho no blog The Sartorialist. Foi esse vídeo que me inspirou a querer fazer algo semelhante. Fiquei pensando nas coisas que realmente importam em minha vida, a música sendo uma das principais, e me veio a ideia pronta na cabeça: fotografar pessoas que estão ouvindo música, abordá-las e perguntar o que estão ouvindo, principalmente no metrô de São Paulo. Comentei a ideia com a Rebecca Raia, e dias depois fundamos o Metrophones. Constantemente buscando novas formas de encorpar a ideia inicial, o formato e as perguntas das entrevistas foram evoluindo. Após divergências, resolvi fundar um site novo, onde tivesse mais autonomia para continuar desenvolvendo e evoluindo minhas ideias. Aprendi muito durante esses meses, e o Orbiphones para mim é apenas o próximo passo na caminhada da ideia que começou lá atrás, quando vi o vídeo.

Qual o foco do projeto?
Música. A música como indutor de personalidade e estilo. Entrevistar pessoas que estão por aí com fones de ouvido, não apenas no metrô, mas também em ônibus, ruas, parques, filas de banco.. Pessoas de diferentes perfis, que tenham opinião formada sobre música. Entrevistar também pessoas que participam ativamente da produção musical/cultural/artística, pessoas que produzem conteúdo que eu acho interessante e que merece destaque, tentar explorar um pouco sobre o gosto musical delas e como a música influencia seus trabalhos/vidas.

Onde você quer chegar com o Orbiphones?
Quero, a longo prazo, fazer fotos em todos os continentes do mundo (a médio prazo em todas as grandes capitais do Brasil, além de receber fotos de colaboradores do mundo todo). Quero trabalhar para que o funcione não apenas como um projeto artístico, mas também como um estudo etnográfico/social. A música tem essa força, e a internet possibilita o compartilhamento de informações em velocidade e escala inimagináveis. Hoje é possível escutar músicas de todos os cantos do planeta e, através da internet, compreender o contexto histórico/social que levou certo grupo de pessoas a produzir/consumir certo tipo de música. Basta um pouco de tempo e interesse. Quero, a longo prazo, trabalhar para facilitar o acesso a tais informações e trazê-las para o povo num site mais interativo/multimídia.

Na sua opinião, qual ou quais as histórias mais interessantes publicadas no Orbiphone até agora?
Gostei bastante do post do Bidu, o que usei para inaugurar o site, pois apresenta várias referências musicais e dá para ver a influência delas em seu estilo. A música que estava ouvindo, o adesivo ‘Zumbis do Espaço’ em seu skate, a camiseta do Rancid… Um belo exemplo da efervescência musical que temos em São Paulo. Logo mais, vou postar uma entrevista que fiz com o Paul Vasquez (o cara do Double Rainbow), falando sobre esse momento, o que significou para ele e qual música seria a trilha sonora perfeita. Tenho também um vídeo do Rafinha Bastos falando de uma música marcante em sua vida. Fiquem de olho.

Quando começou a sua ligação pessoal com a música?
Desde muito cedo. Lembro de longas viagens de carro com a família para o interior, ouvindo Pink Floyd, Black Sabbath e Rush quando era bem pequeno. Meu gosto individual começou quando meu pai me deu um walkman antigão da Sony, e eu ficava escutando a 89 (a então rádio rock) tocar músicas que eu curtia para gravar na fitinha e poder escutar depois. Lembro que gravava Red Hot, Offspring, Oasis… E daí quando tinha excursão na escola, eu levava as caixinhas de som do PC, conectava no walkman para compartilhar músicas com os amigos enquanto jogávamos Supertrunfo. Lembro da primeira música que baixei no Napster com conexão dial up. Achei foda. Desde então, sou obcecado em escutar e compartilhar músicas. Mixtapes, mix Cds, Usina do Som, Winamp, Napster, Kazaa, Soulseek, Blip.fm, Last.fm, Grooveshark, Hype Machine, uTorrent, Soundtracking… Todas essas ferramentas já fizeram ou fazem parte da minha vida (e olha que tem muitas outras) e estão aí para provar que a tecnologia revolucionou (e ainda revoluciona) a distribuíção da música e consequentemente toda a sociedade.

Você atua no mercado musical de alguma outra forma?
Sempre participei muito do mercado musical, mas bem mais como consumidor, e não na parte de produção. Vou em muitos shows, leio e comento em muitos blogs sobre música, viajo o Brasil atrás de festivais/shows. Nunca tive talento/paciência para tocar instrumentos, por isso que acho que o Metrophones e agora o Orbiphones foram o jeito que eu arranjei de retribuir o mercado da música. falando sobre música, expondo a música alheia. Dia 21, vou para Londres, passar uns meses lá fazendo um curso, quero aproveitar para cobrir vários shows/festas e possivelmente entrevistar alguns artistas. Além disso, vou discotecar pela primeira vez na festa de lançamento oficial do Orbiphones, nesta sexta, dia 13. Não sei no que vai dar, mas estou bem empolgado. Quero, sobretudo, me divertir. A tecnologia facilitou muito a criação musical, e tem gente fazendo ótimo uso dessas novas tecnologias (vide Girl Talk, Diplo, Emicida…). Quero com o tempo aprender a usar as ferramentas disponíveis para poder participar mais ativamente no mercado musical.

O que você busca quando está ouvindo música no trânsito?
Olha, depende muito mais do meu momento e do meu humor, do que particularmente o fato de estar transitando. Vou bem ao contrário do que muitas pessoas fazem, que escutam música em ônibus e metrô para fugir um pouco daquele momento e se isolar na música. Muitas vezes, eu escuto uma música para abafar os ruídos, sim, mas quase sempre estou de olhos bem abertos, reparando em cada pessoa/situação ao meu redor. A música, para mim, é muito mais um catalizador de sentimentos bons do que uma válvula de escape de sentimentos ruins.

O que você costuma ouvir quando está em trânsito?
Depende muito da época. Ultimamente, estou escutando bastante coisa de hip hop e eletrônica para contrastar um pouco com o rock alternativo que sempre predomina em minhas playlists. Alguns artistas que estão sempre presentes nos meus fones quando transito por aí são Pavement, Arctic Monkeys, Beastie Boys, Strokes. Nas últimas semanas, Emicida, Girl Talk, Apanhador Só, Die Antwoord e Basement Jaxx.

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12/05/2011

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