Diário Música na Estrada #1

10/05/2014

The specified slider id does not exist.

Powered by WP Bannerize

Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

10/05/2014

Fotos: Traumas Video/Divulgação

Muita vontade de tocar. As três atrações, selecionadas pelo júri da 4ª edição do Música na Estrada, o grupo Projeto Secreto Macacos, o compositor Antonio Novaes e a cantora Natália Matos fizeram os primeiros shows do projeto, na última quinta-feira, 8, em Parauapebas, município localizado no sudeste do Pará e que, em linha reta, fica a 536.89 km de distancia de Belém.

*

Foram apresentações maduras, com repertório 100% autoral. E nem mesmo a chuva que caiu durante sem parar, a partir das 22h, conseguiu anular o clima de entusiasmo que se formou entre os artistas que saíram na quarta-feira, 7, de Belém, para enfrentar quase 20 horas de viagem terrestre até a chegar, na manhã seguinte, a Parauapebas, já para passar o som.

A programação contou ainda com duas atrações convidadas. Abriu às 21h com o músico Beto Di Mayo, radicado na cidade há mais de uma década. Ele fez um show com músicas regionais, mesclado de composições próprias e sucessos de compositores nacionais. Com 30 anos de carreira, ele diz que gosta de morar na cidade, onde vive também como professor de música.

“Aqui temos uma grande mistura de culturas. A maior característica desse lugar é a migração. Temos o churrasco gaúcho e a panelada maranhense. Aliás, maranhense, cariocas e paulistas não faltam por estas bandas. E embora cronologicamente esta cidade tenha apenas 26 anos, ela também apresenta registros históricos de 6 mil anos”, diz o arranjador, letrista e compositor, que já fazia um trabalho de música em Belém, entre as décadas de 1970 e 1980, voltado ao samba.

antesdoshow_musicanaestrada

“Eu tinha uma carreira sólida como sambista em Belém, mas resolvi estudar violão e guitarra. Hoje minha música ainda tem samba, mas também rock, frevo e outros ritmos”, complementa Beto, que faz uma ótima análise sobre o projeto Música na Estrada.

“Acho importantíssimo a vinda desses músicos para a região, isso provoca uma interação positiva com os músicos que estão no interior. E esta carreta palco é sensacional. Luz e som de melhor qualidade. É incrível a possibilidade desse deslocamento. Todos ganham com este projeto. O nosso estado é muito grande, as distâncias são amazônicas, mas precisamos nos conhecer melhor e este projeto proporciona isso”, conclui.

Em seguida, a banda Projeto Secreto Macacos entrou no palco com sua mistura de guitarras, sintetizadores, teclados e efeitos vocais, chamando a atenção do público que se deixava molhar pela chuva. Guarda-chuvas e tampas de isopor dos vendedores de bebidas serviram de abrigo aos mais curiosos.

Rodrigo Ferreira (teclados), Junior Feitosa (bateria), Arthur Cunha (guitarras), Ribamar Carneiro (baixo) e Clécio Leitão (programação e samples) e Jacob (efeitos, escaleta, vozes e programações) fazem um som potente e provam que a música instrumental unindo-se ao experimentalismo, assume um posto cada vez mais próximo do público, caindo em seu gosto musical.

Projeto Secreto Macacos

Projeto Secreto Macacos

Depois do que poderia ter sido o aspecto inusitado na composição da programação do Música na Estrada, em sua primeira etapa, mais uma surpresa. Antônio Novaes entra no palco com sua banda formada por excelentes instrumentistas, o contrabaixista Príamo Brandão, o trompetista Theo Silva e o baterista Adriano Sousa, que foram atração à parte, enquanto Novaes se dividia entre o vocal principal e os teclados, imprimindo o clima cênico, que contou também com a voz de Cacau Novais.

A cantora entrou em cena com um belíssimo vestido e sua figura compôs muito bem a fotografia da banda. Tudo funcionou muito bem, mas talvez tenha faltado um pouco mais de ação performática no palco, atitude que a própria música de Antonio pede, sem exageros, certamente, mas de forma mais marcante.

Cacau Novais

Cacau Novais

Cacau possui uma carreira solo em Belém, com apresentações já realizadas pelo país e também no exterior. Ela é uma das novas parcerias de Antonio. Os dois estiveram juntos em 2013, na Mostra do Terruá Pará. Cacau gravou uma das composições mais famosas de Antonio, “Brechó do Brega”, gravada originalmente pela banda A Euterpia, da qual ele fazia parte no final dos anos 1990. “A química deu certo e resolvemos repetir a dose aqui no Música na Estrada”, disse Novais.

Antônio é um compositor apaixonado. Acrescentando timbres eletrônicos ao seu trabalho, atitude que se consolidou em Milão, local onde viveu por dois anos. Hoje, morando em São Paulo, o músico está prestes a lançar seu primeiro álbum, “Antônimo”, a fim de revelar ao público o resultado de sua música, de sua poesia, de sua trajetória como homem amazônico, certamente, mas, sobretudo, como homem do mundo.

Antônio Novaes

Antônio Novaes

Depois do momento mais lúdico, em que a plateia se deixou magnetizar, a programação seguiu aquecida pela performance de Natália Matos que mostrou, pela primeira vez, em público, o repertório do primeiro CD, prestes a ser lançado, com o patrocínio do Programa Natura Musical.

Natália Matos ganhou o público, colocou todo mundo pra dançar ritmos que misturam a sensualidade paraense com a universalidade da música pop. O repertório feito de composições próprias e em parceria com outros compositores, muito deles, paraenses, foi executado pelos músicos Príamo Brandão, Adriano Sousa, que já estavam no palco, e ainda por Hélio Neto, na guitarra e Heraldo, na percussão.

Em agosto, o que ela mostrou no Música na Estrada poderá ser conferido também no CD, gravado entre julho e outubro de 2013, em São Paulo, no estúdio de Guilherme Kastrup, que também assina a produção musical do disco, a bateria, a percussão e MPC. O trabalho conta com outros grandes músicos da nova cena da música brasileira como Rodrigo Campos, Rodrigo Caçapa, Zé Nigro e com a participação de Felipe Cordeiro, Márcio Jardim, Léo Chermont, Thiago França, Ricardo Hertz, Kiko Dinucci e, ainda, de Zeca Baleiro que aparece num lindo dueto com Natália na música “Coração Sangrando”, do Dona Onete.

Natália Matos

Natália Matos

Já passava da uma da manhã quando a cantora Melina Fôro e sua banda Sonora Flor entraram cena. A chuva, fina, intermitente, não deu trégua. Mas quem disse que o grupo estava desanimado? Abriu sua apresentação com um samba marcante de Gonzaguinha e deu sequência à primeira performance do Música na Estrada em sua circulação no sudeste paraense. No repertório composições de Chico Buarque, Noel, Vinícius, Tom, Dorival, Adoniran, dentre outros, além de músicas internacionais como “Suzie Q”, “Ne me quitte pas” e “Ain’t no Sunshine”.

O trabalho musical do Sonora Flor, voltada para a música regional paraense, MPB, Blues, Jazz e Bossa Nova, é reconhecido na cidade de Parauapebas com distinção pela qualidade instrumental, vocal e repertório incomum. Destacam-se na banda a execução multi-instrumentista de Melina Fôro e o timbre de Deijane Dieh. Melina executa o violão, a flauta, o contrabaixo, a percussão e o cavaco. Deijane interpreta canções consagradas na voz de Elis Regina, Amy Winehouse, Adele, entre outras.

Melina Fôro e o Sonora Flor

Melina Fôro e o Sonora Flor

No final da apresentação, mais uma surpresa. A cantora Melina Fôro convidou o músico Márcio Macedo, idealizador do projeto Música na Estrada, para dar uma canja e tocar e cantar com ela uma de suas músicas, a canção “Negro Sol”. “A noite foi chuvosa, mas nem por isso deixou de ser maravilhosa. Todos estão de parabéns e se tivermos a metade dessa boa energia em Curionópolis, vai ser ótimo. Estou muito tocado com o trabalho de todos”, disse Márcio Macedo.

Clique aqui para saber por onde a carreta-palco do Música na Estrada vai passar ainda.

Tags:, , , , , , , ,

10/05/2014

Revista NOIZE

Revista NOIZE