Fotos: Rafael Rocha
Mac Demarco subiu ao palco. Ajeitou o microfone, mexeu em alguns cabos e acenou para a plateia, que começava a gritar. Depois de algum tempo, quase todos ficaram em silêncio. Uma conversa entre Mac e o baixista Pierce McGarry vazou no microfone. O músico empunhava sua já clássica guitarra comprada por 30 dólares e começou a falar. Apresentou a si mesmo e a cada integrante da banda, anunciando a primeira música do show, “Salad Days”, a faixa-título do seu novo álbum.
A sensação de proximidade com o público já havia sido construída nos dois shows em São Paulo, ambos com os ingressos esgotados, e foi um marco na apresentação de Mac em Porto Alegre, realizada no Beco203. Enquanto a fila ainda se formava, cerca de duas horas antes da apresentação, o músico saiu para fumar com o resto da banda. Quando os fãs se aproximaram, os integrantes entraram e Mac continuou lá, muito receptivo aos pedidos que lhe faziam. Parecia mais um entre os seus admiradores.
O espaço da casa ainda não estava totalmente ocupado quando a Nacional Riviera, banda de abertura, levou suas composições para o palco, além de um belo cover de “Impregnable Question”, do Dirty Projectors. Quando a banda gaúcha acabou seu show, já sobrava pouco espaço no Beco. Todos esperavam pela grande atração da noite, que chegou sem atraso.
Mac levou ao palco oito faixas do seu novo disco. Além de “Salad Days”, o músico tocou “Blue Boy”, “Brother”, “Let Her Go”, “Chamber of Reflection”, “Let My Baby Stay”, “Treat Her Better” e “Passing Out Pieces”. Essa última foi a primeira faixa presente no “Salad Days” que o músico liberou, lá em janeiro, e foi tão cantada pela plateia quanto as clássicas “Ode to Viceroy” e “Freaking Out the Neighborhood”.
A confiança do músico e de seus colegas de banda no palco impressiona. Boa parte das faixas soam melhor ao vivo do que em estúdio, dando à apresentação muitos pontos altos. Mac escalou a estrutura do palco para cantar o último refrão de “Still Together”, responsável por fechar o show, em cima de uma caixa de som. Pouco tempo antes, ele havia se jogado no público, que ainda se recuperava do pequeno êxtase no solo de “Ode to Viceroy”.
Depois do músico sair do palco, boa parte dos fãs ainda esperou por alguns minutos por um bis que não aconteceu. Se houve algum ponto negativo na apresentação, com certeza foi o fato de Mac ter tocado apenas a faixa “I’m a Man” do seu disco/EP de estreia “Rock and Roll Night Club”, ignorando músicas como “Rock’n Roll Night Club” e “Baby is Wearing Blue Jeans”. Apesar disso, não há o que reclamar da apresentação de Mac, um artista de 23 anos que demonstra uma maturidade que muitos veteranos do rock não têm.
