Skol Music pode (ou não) revelar o próximo grande nome da música nacional

12/09/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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12/09/2014

Fotos: Pétala Lopes e Luisa Dorr

Em evento realizado na última quarta, 10, foi apresentada pelo diretor Coy Freitas a plataforma Skol Music, iniciativa patrocinada pela marca de cerveja para lançar três selos dedicados ao lançamento e gestão de carreira de novos nomes da música nacional. “Não se trata de um concurso ou edital”, afirmou Freitas ao ressaltar que o objetivo do projeto é dar suporte aos artistas em todos os estágios de suas carreiras. Para conduzir os três selos, foram convidados produtores com carreiras renomadas na história do catálogo recente do cenário sonoro de nosso país: Carlos Eduardo Miranda (para dirigir o selo Tralalá), Dudu Marote (Ganzá) e Zegon (com o Buuum). Cada diretor artístico explicou um pouco sobre sua bandeira.

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O Tralalá, de Miranda, se declara indie. “O indie, hoje em dia, virou um rótulo para uma determinada estética. Isso não reflete as raízes do termo, que remete a um tipo de música nova, que dialoga com o underground, mas pode e pretende alcançar públicos maiores”, afirmou o produtor. “Nossos artistas são diversos e representam esse conceito: coisas novas do underground prontas para alcançar novos públicos”. Zegon apresentou o Buuum explicando que o nome é relacionado à identidade sonora do selo. “Eu venho da Bass Music, da batida, do bumbo e da caixa, muito presentes em tudo que trabalhei. O nome reflete essa batida forte”. O ultimo diretor artístico a falar de seu casting foi Dudu Marote, cabeça do Ganzá. “Somos um selo de música eletrônica, mas não estamos focados em EDM. Não tenho nada contra, mas vamos seguir na linha de artistas como Daft Punk, que fazem um trabalho eletrônico e dançante com referências mais orgânicas”.

Festa do Tralala no Skol Factory

Após a apresentação dos selos, aconteceu um showcase das bandas que integram o elenco dessa primeira leva de contratações. Nos shows, foi possível ver um pouco mais das promessas da Skol Music. Os paulistas do Marrero (representando o Tralalá) fazem um rock pesado com influências claras. O instrumental lembra Black Sabbath e a voz possui uma pegada forte de Alice in Chains. Apesar das referências gringas, o Marrero canta em português. A escolha da banda parece ser certeira: os caras tocam pesado, com um senso melódico muito forte. O destaque fica para a formação peculiar mostrada no show: o grupo tocou apenas com uma guitarra, bateria e voz. Se a composição do time é minimalista, o som segue na direção oposta. A música é grandiosa e preenche os ouvidos. Algumas pessoas poderão achar que o Marrero é datado por suas referências, mas é fato que existe um nicho desocupado no Brasil para fãs de bandas deste estilo. Se o grupo conseguir falar com o público certo, será uma união feliz.

O rapper carioca Filipe Ret subiu no palco em seguida, sob a bandeira do Buuum. O mais curioso sobre o jovem artista: ele acerta mais forte quando se utiliza de referências sonoras do rap paulista dos anos 90. Músicas como “Réus” lembram muito Racionais e RZO mas, misturadas ao flow próprio de Ret, ficam na cabeça. Se pensarmos que Zegon, por sua vez, foi um dos grandes responsáveis pela formação desse tipo de sonoridade no rap brasileiro, o casamento entre produtor e rapper parece promissor: essa mistura de São Paulo e Rio pode gerar algo interessante para o rap nacional.

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O Ganzá trouxe sua primeira atração com os paulistas The Drone Lovers. O coletivo eletrônico é talvez o mais “gringo” em termos de sonoridade entre os artistas da noite. Isso não é, contudo, uma coisa ruim. Misturando house com elementos mais trip hop, o som do Drone tem levadas de Depeche Mode, Goldfrapp e em seus melhores momentos, parece ter atualizado aquele tipo de dance soturno eternizado pelo Massive Attack em seu disco de estreia, o brilhante Blue Lines. Além de colocar o grupo paulista perto de todos esses nomes de peso, vale destacar: a vocalista Érica Alves é uma estrela. Descolada até a ponta dos pés, a cantora fluminense domina o palco com voz e performance impecáveis.

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Tímido, o garoto paraense Jaloo (Tralalá) subiu ao palco controlando samplers e sintetizadores sozinho, acompanhado apenas por uma dançarina. Sabe aquela sensação de estar vendo alguém que pode ficar muito famoso? Esse foi o clima do show de Jaime Melo. Combinando elementos de música regional com sons eletrônicos bem diversos, as canções de Jaloo soam como algo que o mainstream da música brasileira anda precisando bastante: genuína novidade. Ponto para Miranda por apostar no artista. Talvez seja cedo para lançar grandes previsões, mas ver o show deu vontade de escrever aqui termos como “Alceu Valença do século 21” ou mesmo “um novo Chico Science em termos de inovação”. Mas é prudente esperar, certo?

Os outros artistas do line up de Dudu Marote, Funky Fat e Aldo, The Band, parecem prontas para tocar em festivais no exterior. A FF aposta em um house funkeado, com cara festas eletrônicas, enquanto Aldo é um indie rock eletrônico nervoso, pronto para o Coachella e similares. A sutileza do FF contrasta com a energia do Aldo, ambos produzindo shows muito competentes.

Festa do Tralala no Skol Factory

Fechando a noite, os consagrados Karol Conka e Tropkillaz se apresentaram pra provar que não são mais apostas: tratam-se de tiros certeiros das contratações da Skol Music. Karol é a grande diva do rap brasileiro esperando pra explodir e O Tropkillaz, com sua bass music de groove insano, já é sucesso no mundo todo.

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Com um line up consistente, a iniciativa da Skol pode receber diversas críticas, mas merece (muito) um voto de confiança: o mainstream da música brasileira anda em um período de marasmo e qualquer novidade boa é bem-vinda.

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12/09/2014

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