O lado Queens of the Stone Age do rock

29/09/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

Fotos:

29/09/2014

Fotos: Daniel Oliveira

Por mais shows como o que foi visto nesse sábado em Porto Alegre. Os timbres renovantes do Queens of the Stone Age que ouvi ao vivo vão demorar para serem digeridos. Não importa se você só conhecia …Like Clockwork (2013) ou os discos mais antigos – o primeirão homônimo ficou de fora –, o que vi foi a obra-prima fundamental de Josh Homme, o QOTSA, deixar um sentimento de êxtase geral ao final do show.

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Homme parecia mais nervoso do que os próprios fãs. À tarde, estava na frente do hotel cumprimentando pessoas e cachorros. Chegou antes da banda no Pepsi on Stage para a passagem de som. Depois da abertura, o show não atrasou muito e começou direto com duas do definitivo Songs for the Deaf (2002), um dos meus preferidos, porque não tem como gostar só de um do QOTSA. Mas muitas pessoas estavam lá por causa de …Like Clockwork, um dos discos mais inspirados – se não o mais – do vocalista e guitarrista.

O chocalho chamou “My God is The Sun” e a clássica bateria marcada da banda, que Jon Theodore mostrou dominar tão bem. E com seu mantra pagão Josh Homme converteu todos para uma noite de glória do rock. “I don’t know what time it was/I don’t wear a watch”, quem dera fosse verdade as palavras do vocalista e aquele show não tivesse acabado tão cedo.

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Foi no clássico “Burn the Witch” e o coro da plateia que Homme foi conquistado. Ainda nos deu esperanças dizendo que ficariam o tempo que quiséssemos.

Entre a bêbada “Smooth Sailing” e “Kalopsia”, o hit “In My Head” para os saudosos do Lullabies to Paralyze (2005). Em nenhum momento Homme esqueceu dos fãs mais antigos. Soltou um combo de Rated R (2000) com “Feel Good Hit Of the Summer” entoada pelos fãs e caprichada com versos de ”Never Let Me Down Again“, do Depeche Mode, seguida de “The Lost Art of Keeping a Secret”.

O clima denso de …Like Clockwork voltou com o vocalista no piano e “The Vampyre of Time and Memory”. Foi a confissão de Homme aos fãs sobre o que passou nos últimos anos. Depois de quase morrer por uma complicação cirúrgica em 2010, ele está vivendo a música à flor da pele.

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Josh quer chupar, lamber e viver ao estilo podre do QOTSA. Enquanto todos se preocupam em manter as boas aparências, ele canta que o hit do verão é a nicotina, o ecstasy, a maconha, e por aí vai, em um show lotado que até pouco tempo atrás não seria assistido por tanta gente.

Que bom ver um som como o deles se popularizando. Era exatamente o que Homme queria quando fundou o QOTSA. Não foi um show propriamente bate-cabeça, mas também não foi uma baladinha. “O rock deveria ser pesado o bastante para os garotos e doce o bastante para as garotas” (ou vice-versa, né Josh? 😉 ), já diria o vocalista certa vez. A sequência das músicas escolhida exemplifica a fala de Homme, como em “Misfit Love” seguida da dedicada às mulheres “Make It Wit Chu”. Se você quer o rock só pra si, saiba que Homme quer mais é que ele se espalhe, nem que isso dependa de riffs repetitivos.

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Antes de enfileirar sete faixas de Era Vulgaris (2007) e Songs for the Deaf, ainda rolou a dramática “If I Had a Tail” com a levada stoner e desconexa própria do QOTSA. Voltando pra Lullabies, “Little Sister” foi mais uma prova da especialidade do QOTSA em fazer hits com poucos e bons riffs, que no show ganharam mais peso e fuzz. “Turnin On The Screw” e “Fairweather Friends” vieram acompanhadas de brincadeiras com os parceiros de banda, mas as canções do último disco terminaram em “I Sat By The Ocean” e os vocais melódicos e sedutores de Josh Homme (suspiros).

Antes de deixar o palco pela primeira vez, a banda fez a maldade de deixar o público em silêncio depois da energética “Go With The Flow”. Mas eles voltaram com mais três do Songs for the Deaf: “Hanging Tree” com a participação do ex-guitarrista da banda Alain Johannes (que também abriu o show com seu trabalho solo), a sexy “Do It Again” e a ótima escolha “Song For The Dead” pra fechar um show como esse. “Vocês querem ‘Do It Again’ ou ‘Song For The Dead’? Que seja, nós vamos tocar as duas”, avisou Josh Homme aos fãs.

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E foi com a dessincronização de “Song For The Dead” – que contou com ainda mais paradas, entre elas um solo de bateria de Jon Theodore – e a frequência de sua guitarra que Josh Homme deixou o palco com o resto da banda em um show que deveria ser prescrito, no mínimo, uma vez por mês pelos médicos. Como eu consigo acreditar que presenciei o Queens of the Stone Age em uma de suas melhores fases? Meu pescoço ainda dói.

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29/09/2014

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