Ouça William S. Burroughs com Kurt Cobain, The Doors, R.E.M. e outros beats da música

11/12/2014

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Revista NOIZE

Por: Revista NOIZE

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11/12/2014

Se Neal Cassidy foi encontrado morto no México aos 41 anos, em 1968, e Jack Kerouac morreu no ano seguinte com apenas 47, William S. Burroughs teve muito mais sorte. O sacerdote dos narcóticos e junkie mor da geração beat sobreviveu a consecutivas avalanches de psicoativos até os 83 anos, morrendo só em 1997 vítima de um ataque cardíaco. Em seu currículo esdrúxulo, constava a honra de ter escritos alguns dos livros mais emblemáticos de seu tempo, como Junkie (1953) e O Almoço Nu (1959), um período como traficante de heroína, uma viagem alucinada pela América do Sul em busca de ayahuasca, o assassinato acidental de sua segunda mulher, a poetisa beat Joan Vollmer, com um tiro na cabeça, mas também algumas parcerias literário-musicais inacreditáveis.

No final da sua vida, Old Bull Lee (como Kerouac chama ele no On The Road) era uma espécie de figura mitológica da contracultura, aquele ser que viera antes de todos, experimentara de tudo e ainda vivera para contar a história. Então, é compreensível que Will tenha se tornado um cara extremamente popular entre os músicos. Em 1980, o grupo inglês de música experimental The Throbbing Gristle entrou em contato com o escritor com o plano de criar algo com gravações de textos que Burroughs fez nos anos 1950 e 60. O resultado disso foi o disco Nothing Here Now But The Recordings, lançado originalmente em 1981, mas que foi remasterizado agora e será reeditado em vinil. Ele sai em janeiro, mas você já pode até encomendar o seu aqui, se quiser.

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Depois dessa experiência, o velho Bill Burroughs gravou os vocais da faixa “Sharkey’s Night”, do disco Mister Heartbreak (1984) da Laurie Anderson. Essa música ganhou um clipe que foi extremamente pioneiro para a época.

Entre 1988 e 1989, o escrtior gravou algumas canções e a leitura de uma série de textos que se transformaram no disco Dead City Radio (1990). Esse álbum conta com a participação do Sonic Youth, além de John Cale, do Veltet Underground, Chris Stein, do Blondie, e vários outros músicos.

Em 1992, o escritor fez uma parceria com Kurt Cobain. Fã alucinado de Bill, Kurt mandou uma carta para ele convidando-o para fazerem algo juntos e, em resposta, Burroughs lhe mandou uma fita com uma gravação sua de 1973. Kurt pegou a voz do ídolo e gravou uma linha de guitarras extremamente ruidosa em cima dela criando o que ficou conhecido como “Priest They Called Him”, uma faixa de 9 minutos difícil de ser ouvida. O vocalista do Nirvana só foi ter a chance de conhecer pessoalmente William S. Burroughs no ano seguinte, num encontro onde eles conversaram por muitas horas e, Burroughs disse depois, não falaram sobre drogas ou armas.

Colagem que William S. Burroughs fez para Kurt Cobain

Colagem que William S. Burroughs fez para Kurt Cobain

Em 1993, William aparece em uma faixa do álbum The Black Rider, do Tom Waits, disco que traz a trilha sonora da peça de teatro que leva o mesmo nome e foi co-escrita pelo Burroughs.

Nesse mesmo ano, ele trabalhou com a banda Ministry. Burroughs aparece no clipe da música “Just One Fix”, que já foi regravada pelo Sepultura, e empresta sua voz para a faixa “Quick Fix”, que saiu apenas como single.


Em 1996, quem se juntou com o mestre beat foi o R.E.M. Eles gravaram juntos uma versão de “Star Me Kitten” para o disco Songs in the Key of X, uma coletânea que reúne músicas inspiradas no seriado Arquivo-X. Ainda que, na verdade, “Star Me Kitten” seja uma música do disco do R.E.M. Automatic for the People (1992).

1997 foi o último ano de vida do escritor e nem o fim da vida lhe fez sossegar. Naquele ano, ele foi lançado September Song, um documentário onde vários músicos (de PJ Harvey a Lou Reed) interpretam canções de Kurt Weill. William S. Burroughs aparece no documentário interpretando “What Keeps Mankind Alive?”.

E, como se tudo isso não fosse suficiente, William S. Burroughs “participou” também da coletânea Stoned Immaculate: The Music of The Doors (2000). O álbum só foi lançado após sua morte, mas ele traz a surpreende faixa “Is Everybody In?”, onde Burroughs recita um poema do Jim Morrison e os membros restantes do The Doors fazem a base.

Se você ainda não ficou satisfeito e quer ouvir mais discos da geração beat, aqui vai algumas gravações do próprio Jack Kerouac que misturam jazz e literatura da melhor forma possível.



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11/12/2014

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