O incansável Mauricio Eça


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Revista NOIZE

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Do heavy metal ao hip hop, não importa o estilo. Mauricio Eça sempre estará pronto para dirigir um clipe. Não é por menos que ele é o maior produtor de videoclipes no Brasil. Com mais de 150 clipes e uma infinidade de artistas dirigidos, ele aposta na experimentação, na novidade e no cuidado com a estética. São os diferenciais que fazem de Mauricio um dos diretores mais procurados por aqui.

Marcelo D2, Pitty, Bidê ou Balde, Da Guedes, Maná, O Rappa, entre outras bandas já passaram pelas lentes de Mauricio. A direção de videoclipes foi a porta de entrada para sua carreira videomaker. A maior realização dele é o clipe “Diário de um Detento”, dos Racionais MC’s. Foi a primeira vez que um clipe de hip hop ganhou espaço no cenário nacional, abrindo portas para outros artistas do gênero.

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Nós conversamos com Mauricio sobre esse marco na vida dele, assim como sobre sua carreira e os prós e contras da era Youtube.

Como foi a primeira vez que você dirigiu um clipe?

O primeiro clipe que eu fiz foi de um grupo de heavy metal feminino que se chamava Vulcanos. Foi um clipe barato, patrocinado uma parte por uma pizzaria aqui de São Paulo. E no meu primeiro videoclipe já tinha que fazer merchandising (risos). Mas fico legal, fico diferente.

Em 1997 você teve a oportunidade de dirigir o clipe “Diário de um Detento”, dos Racionais MC’s. Como foi essa experiência de participar de um dos vídeos mais premiados do Brasil?

Essa oportunidade foi um marco, porque roda no Carandiru, é um clipe documental de oito minutos, muito forte. Deu toda uma repercussão, ganhou prêmio, foi considerado quase como um documentário mesmo. Foi incrível a possibilidade de ter feito e a forma como foi realizado. Na época tinha outros clipes de hip hop, mas eram muito sem grana e muito sujos de imagens. Eles tinham uma linguagem super documental, mas não tinham uma preocupação estética, que eu acho que foi um pouco da minha marca. Eu comecei essa coisa de ter a realidade mas também ter uma preocupação com os enquadramentos e com a estética. É muito legal você ver um clipe de quase oito minutos, super barra pesada, com palavrão, com violência, passando no horário das 5 às 6 da tarde na MTV. E a molecada curtia, queria ver esse clipe. Então foi uma loucura.

O que você busca fazer para ser um diretor cada vez melhor?

Faço várias coisas ao mesmo tempo, mas tem que matar um coelho por dia. Tem que estar sempre provando que a gente é capaz e fazendo coisas novas. A gente não pode ficar parado, a gente está vivendo em um momento de transformação muito grande de linguagem e de mídias. Diretor tem que estudar e tem que estar antenado no que está acontecendo, tentando sempre se desafiar pra sempre querer fazer algo diferente. Pelo menos pra mim é assim. Eu estou sempre buscando fazer alguma coisa a mais do que eu já fiz.

Qual a importância do videoclipe dentro dos teus projetos como diretor?

O videoclipe é como as pessoas me conhecem. A minha marca está ali, né. Eu talvez seja o maior realizador de videoclipes do Brasil. Pelo menos em quantidade, eu não sei em qualidade (risos). Lancei um monte de artista. Fiz o primeiro clipe do CPM 22, os primeiros quatro clipes da Pitty. Vários artistas novos que estão começando me procuram, ou artistas que estão afim de mudar um pouco a imagem. Eu trouxe muito da minha marca e da minha experimentação no videoclipe para a publicidade.

Há 10 anos atrás os tempos eram outros. O que mudou na produção de clipes de uns anos pra cá?

Eu costumo dizer que a gente está vivendo uma inclusão digital, porque hoje é acessível pra todo mundo fazer um clipe com um celular, editar no seu computador. A gente vê que a quantidade de trabalhos que tem no Youtube é monstruosa, é gigante. Então todo mundo tem essa possibilidade de fazer, então o que conta pra um diretor hoje pra fazer uma coisa legal? É a experiência dele, o conhecimento que ele já tem. Todo mundo poder fazer um vídeo por um lado é incrível. O quanto de ideias novas e artistas novos que estão com menos grana, precisavam se promover e se tornaram conhecidos através da internet. Acho isso sensacional, mas por outro lado prejudica um pouco a qualidade muitas vezes. A gente tem que ter uma boa ideia, porque a essência de tudo é uma boa ideia. A ideia é a coisa mais primordial que existe.

Então qual seria o maior desafio que a internet trouxe para os diretores de videoclipes?

O público jovem hoje quase não vê televisão, ele está na internet. E o mais difícil na internet é manter a pessoa vendo teu trabalho até o fim. O cara começa a ver e depois vai ver outra coisa. É um desafio você conseguir fazer com que o cara fique ali, o tempo todo, vendo seu trabalho sem que ele mude para outra coisa. Acho que essa é a grande angústia do videomaker: conseguir manter a sua audiência.

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