
“Música, letra e dança: tudo em você é fullgás”. A música “Fullgás”, de Marina Lima, dá nome a nova exposição do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo. Em cartaz até agosto, a mostra celebra a cena das artes visuais nos anos 80.
A música é o fio condutor da exposição. A mostra é dividida em cinco núcleos, cada uma com um eixo temático: Em “Que País é Este” – música do Legião Urbana – as obras discutem o fim da ditadura militar e os movimentos sociais.
A exposição segue com “Beat Acelerado”, faixa da banda Metrô, que traz os debates sobre a aceleração do tempo. O maior núcleo da exposição explora diversos temas, dos amores efêmeros ao frenesi da época.
Em seguida, temos o “Diversões Eletrônicas” – de Arrigo Barnabé e Banda Sabor de Veneno – para falar sobre o futurismo típico da época. Com a expansão aeroespacial, a televisão trouxe debates sobre inovações tecnológicas, que refletiram nas artes.
“Pássaros na Garganta” – de Tetê Espíndola – é o momento de olhar para a natureza. As obras, principalmente esculturas, analisam a propriedade da terra, as consequências do capitalismo, a questão indígena e a vulnerabilidade do planeta.
A exposição acaba em grande estilo, com o núcleo “O Tempo Não Para”, icônica canção de Cazuza, que, assim como o nome da música, reflete sobre a passagem do tempo. A melancolia da letra e das obras também se conectam com Fullgás.
Com curadoria de Raphael Fonseca, Amanda Tavares e Tálisson Melo, a exposição contempla todas as regiões do país, com 300 obras de 200 artistas. Os trabalhos passeiam de obras de artes, video-instalações, esculturas a capas de discos e panfletos da época.
“Mais do que sobre artes visuais, é uma exposição sobre imagem e as obras de arte estão dialogando o tempo inteiro com essa cultura visual”, ressaltam os curadores.
Anos 80: período de experimentação estética
O processo de redemocratização inspirou os artistas do período. A recém-adquirida liberdade contribuiu para tornar os anos 80 um período propício de experimentação estética e mistura da cultura pop na arte. Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil explora música com artes plásticas, reforçando esse papel. Um ponto-chave na mostra é a videoarte.
O trabalho dos videoartistas da época inspirou o mundo da música, como no formato da vindoura MTV. No audiovisual, o público pode conferir o filme Patriamada (1984), de Tizuka Yamasaki, sobre o Diretas Já, O profundo silêncio das coisas mortas (1988), de Rafael França e muito mais.
Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil se inspira em outra mostra: a Como vai você, Geração 80?. Realizada em 1984, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ), explorou as tendências artísticas da época, principalmente dos jovens artistas. Nomes que participaram da Como vai você, Geração 80?, como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Leonilson, Luiz Zerbini e Leda Catunda, também estarão na mostra do CCBB.
Antes de morrer, Antonio Cicero gravou todos os seus poemas
No embalo da exposição que leva o nome da composição de Marina Lima e Antonio Cicero, outra novidade: Cicero, poeta que faleceu no ano passado e irmão da cantora, terá suas poesias registradas em uma antologia e um audiolivro, ambos nomeados como Fullgás.
Com lançamento previsto para julho, o audiolivro trará toda a poesia de Cicero lida pelo próprio. O posfácio, assino por Noemi Jaffe, é interpretado pelo cantor e compositor Arthur Nogueira, ex-companheiro de Cicero.
No mesmo mês, a Companhia das Letras lança a antologia Fullgás, que reúne a poesia completa do autor e trabalhos inéditos. A obra está disponível para pré-venda no site da Companhia das Letras.
Os irmãos Marina Lima e Antonio Cicero foram grandes parceiros na música. Juntos, escreveram grandes sucessos, como a própria “Fullgás”, além de “Alma Caiada”, “A Chave do Mundo”, “Charme do Mundo”, “Pra Começar” e muitos outros.
Exposição Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil
Datas: 28 de maio a 04 de agosto de 2025
Horário: Todos os dias, das 9h às 20h (exceto às terças)
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico – SP
Ingressos: Gratuitos pelo site ou na bilheteria do CCBB