
Carol Biazin busca o equilíbrio entre viver à flor da pele e como segurar os dilemas da vida moderna em novo álbum. O No Escuro, Quem é Você? (2025), dividido em duas partes, traz letras íntimas e texturas musicais distintas.
Para o ouvinte, o que marca é o pop dançante – mas o disco também bebe Jersey Club, UK Garage, House, New Jazz e R&B. Nas canções, a cantora e compositora abre o coração sobre inseguranças, amores e os questionamentos da vida adulta.
“Esse disco é quase um espelho das minhas contradições, dos meus sentimentos, das coisas que eu mesma ainda estou tentando entender. É íntimo, mas não tenho dúvidas que é coletivo também. Muita gente vai se ver nessas músicas”, conta Carol.
Com o novo repertório, Carol Biazin também já tem turnê marcada, com estreia internacional. Os shows começam em São Paulo, nos dias 30 e 31 de maio e 1 de junho (Sesc Santana), 14 de junho em Ribeirão Preto, no Festival João Rock.
Depois, segue para Portugal, nos dias 16, 18 e 19 de julho, com apresentação no Festival Meo Mares Vivas. Na volta para casa, Carol se apresenta em Belo Horizonte, no dia 31 de julho.
Os shows continuam em agosto, setembro e outubro. Em São Paulo (10/08 e 17/10), Porto Alegre (26/09), Rio de Janeiro (05/10) e Cuiabá (10/10). Para mais informações de ingressos, clique aqui.
Em No Escuro, Quem é Você? (2025), a intimidade se torna coletiva, gerando identificação. O trabalho conta com direção artística da CANETARIA, produção musical de Donatto e feats com Ebony e Vitor Kley. Leia o faixa a faixa a seguir:
SOU DO MUNDO: “é sobre ser do mundo, mas também sobre se entregar para alguém. Ao mesmo tempo que eu estou vivendo no mundo, solta, fazendo minhas coisas, eu também tenho um lugar para voltar. Ela, para mim, é a faixa mais ousada do projeto, porque ela começou com um beat e produção bem urbana. Virou um UK Garage realmente bem mais lento.
E o refrão vem com aquela coisa bem mais dançante. E, pra fechar com chave de ouro: os sopros. Os sopros, pra mim, eles são o dueto da música, sabe? Então, tem a minha voz e tem os sopros. Então, ela é, eu acho, uma das minhas favoritas. Não é a favorita, mas enfim… vamos fazer aí o Faixa a Faixa [risos]“.
Aurora: “continuação de “Sou do Mundo”. O Marcelus Leone, grande maestro de sopros, foi uma peça-chave, essencial, dentro do projeto, que trouxe mais musicalidade e maturidade para tudo, assim como o Juliano Valle no piano.
Nessa faixa a gente falou: “Marcelus, a gente precisa que você brilhe, que você faça um solo”. Dei esse nome porque a aurora é o nascer do dia e, pra mim, Sou do Mundo tem exatamente essa atmosfera de “um novo dia está chegando, relaxa, vou ficar de boa”, sabe? Aurora é exatamente essa coisa, essa perspectiva de dia, um novo começo, né?”.
Dilemas da Vida Moderna: “single do álbum. Tem um refrão chiclete e uma produção muito rica. A letra da música não é nada simples, principalmente pensando nas métricas que a gente trouxe na composição. Eu, Donatto e Tie Castro fizemos um camping para fazer essa música. A gente estava discutindo sobre não ter tempo para nada. E, se você quer mais tempo, precisa comprar.
Dessa conversa, nasceu “Dilemas da Vida Moderna”. Vem de um lugar muito pessoal, da saudade constante de tudo. Temos sempre que estar abdicando de algo, como conciliar família, amor e trabalho. Mas, ao mesmo tempo, ela é da galera. Acho que todo mundo vai se identificar com isso, porque todo mundo vive isso, né? Todo mundo que trampa, que tá já fazendo o seu corre, tem esse lugar”.
Que Pecado! (feat Ebony): “fiz essa música com a Carla Sol, Donatto e a Ebony canetou a parte dela, claro. Já faz um tempo que quero fazer uma música sobre autoestima. A Luana, da minha equipe, disse: “cara, estou sentindo que falta uma música que eu pudesse tirar uma foto no espelho e me sentisse gostosa”.
Então, “Que Pecado” nasceu assim. O molho da música é o reggaeton, bem lento, com timbres diferentes. No projeto todo, usamos as vozes de fundo, como se fosse uma percussão. E quando a Ebony entrou, ela veio pra matar, de fato, ela trouxe tudo.
Eu estava com essa perspectiva de levantar a autoestima dessa mulher que está sofrendo, que se entrega por uma pessoa merda, e ela veio falando direto com a pessoa que é o lixo, sabe? Foi muito legal ver esse ponto de vista dela também pra faixa. E eu sou uma grande admiradora do trabalho da Ebony. Eu acho que a voz dela tem essa atitude”.
TE AMO SEM CULPA: “pra mim, essa música é quase um manifesto. Um grito de liberdade, amor próprio, confiança e coragem, que foi algo que eu adquiri com o meu público. Eu trato ela muito como um presente pro meu público que me trouxe até aqui.
Eu não diria — ao contrário do que as pessoas… já vi gente falando que era uma música sobre rebeldia. E não é. Ela não é uma música sobre rebeldia, porque o ato de amar não precisa estar atrelado a isso. Eu acho que é só uma música de celebração mesmo. Ela celebra o amor, celebra a vida e como a gente é”.
AMAReSÓ: “ela é meu xodó. Tem uma pegada R&B, que eu curto muito. Ela fala sobre um amor tranquilo, que é tão difícil de se encontrar, que é tão difícil de viver, mas que você só vai poder ter essa experiência se você se jogar. Pra quem já encontrou, pra quem tá vivendo um amor assim, eu acho que essa música vai ser bem legal.
Pra quem não tá, talvez ela seja um soco no estômago, mas ela tem o seu poder. Eu amo esse refrão gritado — é praticamente um louvor falando o quanto amar é bom. E ela também tem uma coisinha no final dela que faz uma ligação muito legal com a “Não Quero Me Apaixonar”, que é quando eu caio na real que é muito bom se apaixonar assim. Então, eu canto isso no final: “como é bom se apaixonar”, brincando um pouco com o single do projeto anterior, da parte 1″.
Códigos: “nessa faixa, eu sou a única compositora. Ela foi uma das últimas a entrar, eu queria finalizar o projeto primeiro pra entender se ela iria caber. Depois de ver a produção de “Amar é Só” finalizada, eu falei: “cara, tem tudo a ver com o projeto, tem tudo a ver com essa cronologia”.
“Códigos” descreve a relação entre duas mulheres. Tem essa coisa bem descritiva na música, do primeiro encontro, da entrega. É uma música muito bonita, sensual, mas também delicada ao mesmo tempo. O projeto todo, a partir de “Amar é Só”, vai ficando bastante orgânico.
Vai trazendo mais instrumentos, menos elementos eletrônicos. Eu acho que ele fica um pop mais cru talvez, dessa música pra frente. E “Códigos” também segue essa linha”.
um amor calmo: “deu bastante trabalho, mas eu lutei, do início ao fim, para ter essa música no projeto. Eu acredito que vai ser uma das favoritas do público. Eu fui pro estúdio junto com o Pedro Mendes, Donatto e Rafa Lucas. O Donatto falou: “cara, tem uma melodia aqui muito foda que eu ouvi de um cantor numa roda de samba aleatória assim, no meio de São Paulo”.
E a frase era: um amor calmo é tudo que a gente precisa, né? Um amor calmo no claro, no escuro. Ele disse que lembrou de mim na hora, por do claro e do escuro, e que achava foda começar a música assim. A composição de Um Amor Calmo é do João Martins, é esse trecho inicial da música.
O refrão… ela veio potente, assim, também. Eu acho o refrão dessa música muito, muito, muito bom. Acho que é um dos melhores refrões do álbum, assim, é esse. Eu sou muito apaixonada por esse refrão. E acho que é isso”.
Sou tão Insegura: “era para “Sou tão Insegura” estar na 1º parte do projeto. Mas, a gente entendeu que ela precisava de um pouco mais de espera, para vir com uma outra roupagem. Foi uma faixa produzida pelos Los Brasileiros, com o Donatto como musicista, não produtor.
Eu falo muito sobre mim nela. Falo sobre as minhas inseguranças e os meus medos, e acho que é algo que eu nunca admiti — nem pra mim mesma, nem na frente do espelho, nem no escuro, nem no claro, em lugar nenhum. E eu fui meter isso no meio de um camping, com uma galera que estava comigo, pessoas em quem eu confiava, claro — e confio — mas foi muito corajoso.
Eu sou zero de me expor assim, e essa faixa eu realmente acabei me jogando. Mas, apesar de ela falar sobre inseguranças e medos, ela é uma faixa leve. Eu olho pra ela com leveza. Acho que a produção levou pra esse lugar de simplicidade, algo muito importante que abraçou o projeto”.
Bagunça: “é uma das minhas favoritas também. Ela é uma música simples, tecnicamente, porque a melodia se repete nos versos e narra uma história. É uma música muito visual, e eu gosto de músicas assim, que dá pra você fechar os olhos e imaginar a cena.
E ela me traz isso. Também foi uma produção do Donatto, junto com a composição do Donatto, da Carol e do Tie. E nós três, vocês podem ver, fizemos muita coisa juntos. Então, acho que criou essa sinergia. E essa faixa, ela é uma coisa… eu acho que muitos casais vão amar essa faixa. E até quem não tá amando vai querer amar. Acho que tem essa coisa, tem essa parada”.
as coisas mais simples: “também é um interlúdio também. Ela veio de uma forma tão despretensiosa. Eu e Donatto tínhamos finalizado uma sessão muito estressante — a gente já tava, tipo, catando pelo em ovo. Aí eu falei: “ah, amigo, eu vou pra casa, acho que eu tô cansada.” Aí eu puxei uma harmonia no violão e a melodia veio. E a gente começou a escrever. E eu acho que ela é uma poesia, sabe?
A gente não estava preocupado em fazer um refrão, em criar algo com estrutura certinha. A gente só estava escrevendo. E isso é muito gostoso de fazer, porque ela é muito sincera, muito de verdade. Essa música me arrepia toda vez que eu escuto. Toda vez que eu ouço, eu tenho vontade de sair por aí, viver a vida, sabe?
Ver o mundo, ouvir coisas novas, ver filmes novos — fazer tudo no mesmo dia. Essa é a sensação que ela dá: “eu não quero perder tempo, então vamos viver.” Eu acho que ela amarra muito bem com a próxima faixa também”.
terra de ninguém (feat Vitor Kley): “eu e o Kley nos encontramos e ele puxou no violão uma harmonia. A gente começou a falar muito sobre as nossas frustrações e, quanto mais a gente falava, mais percebia o quanto éramos parecidos nos pensamentos e o quanto estávamos passando pelas mesmas coisas. Trouxe essa conexão para a música — que é praticamente um dueto do início ao fim.
A faixa faz as pessoas refletirem sobre a superficialidade com que a gente tende a levar a vida. Essa busca constante pelo material. E eu acho que isso se conecta muito com “As Coisas Mais Simples”, porque as coisas mais simples da vida são, na verdade, as mais difíceis de viver. E essa música fala exatamente sobre isso também: quando foi a última vez que você deixou marcas na vida de alguém? Que você deixou algo para além do material? A gente não tá falando sobre o que você tem, mas sobre o que você vai deixar.
A gente pensa muito em ter um carro, uma casa, em ser número um, ser tudo isso. E, no final das contas, a gente esquece das coisas que realmente importam — o que a gente vai marcar na vida de alguém. O Victor me mostrou um vídeo do Charlie Chaplin, em que ele interpreta um general que faz um discurso para os soldados. É um monólogo poderoso. Ele fala que a gente pensa demais, sente menos. Que nós não somos máquinas, somos humanos.
E isso tudo bateu muito forte na gente. Foi muito legal ver como isso resultou na música. Acho que a produção foi o maior desafio, porque era juntar a musicalidade do Kley, a vibe dele, com a minha. Mas o Donatto conseguiu amarrar isso muito bem, junto com o Juliano Valle, que gravou vários instrumentos pra gente e ajudou a criar essas camadas que deixaram a música ainda melhor”.