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core/freeform

Quando conheci o trabalho do Jair Naves, ele era o vocalista do Ludovic. Era intenso, ácido e imprevisível, tanto nos shows quanto em seus versos. Ouvir os dois discos da banda (Servil e Idioma Morto, lançados em 2005 e 2006) era lidar com histórias muito mais fragmentadas que as presentes no primeiro disco solo dele (Araguari era um EP), o incrível e hoje aniversariante E Você Se Sente Numa Cela Escura, Planejando A Sua Fuga, Cavando O Chão Com As Próprias Unhas (2012).

Esse disco, dono de título responsável por risadinhas em conversas com amigos pela dramaticidade e que para mim transmite a mesma intensidade crua e ao mesmo tempo tão refinada que Jair já apresentou tantas vezes - é uma aula de storytelling, contação de história precisa, ilustrada, cheia de vozes, contrapontos e surpresas. Ainda é talhado a facão (e muy melodioso), a voz ainda é rascante e a poesia ainda é torta, sinuosa, verdadeira, incômoda, provocante e em vários momentos, lúgubre (mas não necessariamente agourenta ou triste).

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Lembro de ter ficado muito triste com o fim do Ludovic porque, mais que fã da sonoridade rota e insandecida da banda, eu era - e sigo sendo - muito impressionado com as coisas que Jair Naves cantava. Quando este E Você Se Sente Numa Cela Escura… saiu, me senti redimido. Feliz aniversário! Como presente, separei as minhas razões para ouvir essa bolacha. Ei-las:

1. “Mesmo com o coração partido, amargamente desiludido, eu preservo a gana de vencer”
2. “‘Tanto potencial desperdiçado’, você lamentou em um suspiro - com ar de superioridade, como quem orienta um filho. É nesse ponto da história que fica evidente quais são as condições: ou você cede as rédeas, ou morre com suas convicções” (TOMA ESSE FLOW)
3. “E me alerta que a auto-piedade é a seqüela mais comum do amor” (só li verdades)
4. “Pois eu te digo que o meu maior temor é que quando a minha mãe se for, ela vá intranqüila, sem a sensação de partir com a sua missão cumprida” (PENSO A MESMA COISA)
5. “A plateia entregue e o primeiro aplauso é meu, pro personagem hostil que nunca me convenceu. Mas aplaudo mesmo assim o que o mundo inteiro há de aplaudir - sempre a começar por mim"
6. "Eu fui temente a deus, que se manifestou sempre a meu favor (mesmo nos dias em que eu me arrastei, como por provação, sem nem distinguir meu corpo do chão)"
7. “Quando eu era menor, eu me perguntava como deveria ser a vida em uma dessas casas à beira da estrada, tristes e isoladas. Acho que agora eu sei, pelo vazio com que eu convivo há tanto tempo“ (bah)
8. “Tremendo de entusiasmo, eu disse ‘eu te amo’ assim que você me tocou. Incrédulo e afobado, meu desejo improvável se realizou. E essa cena sempre me volta quando eu quero fugir da jaula em que eu estou”
9. “A meu ver, é um sacrifício, sem a menor razão de ser. Passos certeiros rumo a um abismo, mas quem sou eu para querer mudar você?” (Cartola revisitado)
10. “Saiba que eu não reajo bem quando gosto tanto de alguém, tenha paciência comigo, não me priva de algo tão bonito” (um pedido mais que sincero)

Quando conheci o trabalho do Jair Naves, ele era o vocalista do Ludovic. Era intenso, ácido e imprevisível, tanto nos shows quanto em seus versos. Ouvir os dois discos da banda (Servil e Idioma Morto, lançados em 2005 e 2006) era lidar com histórias muito mais fragmentadas que as presentes no primeiro disco solo dele (Araguari era um EP), o incrível e hoje aniversariante E Você Se Sente Numa Cela Escura, Planejando A Sua Fuga, Cavando O Chão Com As Próprias Unhas (2012).
Esse disco, dono de título responsável por risadinhas em conversas com amigos pela dramaticidade e que para mim transmite a mesma intensidade crua e ao mesmo tempo tão refinada que Jair já apresentou tantas vezes &#8211; é uma aula de storytelling, contação de história precisa, ilustrada, cheia de vozes, contrapontos e surpresas. Ainda é talhado a facão (e muy melodioso), a voz ainda é rascante e a poesia ainda é torta, sinuosa, verdadeira, incômoda, provocante e em vários momentos, lúgubre (mas não necessariamente agourenta ou triste).<div id="videoAd">*</div> <script type="text/javascript">var t = "//des.smartclip.net/ads?type=dyn&plc=90854&sz=400x320&elementId=videoAd";t += "&ref=" + encodeURIComponent(window.top.document.URL);t += "&rnd=" + Math.round(Math.random()*1e8);var s = document.createElement("script");s.type = "text/javascript";s.src = t;document.body.appendChild(s);</script>
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Lembro de ter ficado muito triste com o fim do Ludovic porque, mais que fã da sonoridade rota e insandecida da banda, eu era &#8211; e sigo sendo &#8211; muito impressionado com as coisas que Jair Naves cantava. Quando este E Você Se Sente Numa Cela Escura… saiu, me senti redimido. Feliz aniversário! Como presente, separei as minhas razões para ouvir essa bolacha. Ei-las:
1. “Mesmo com o coração partido, amargamente desiludido, eu preservo a gana de vencer” 
2. “‘Tanto potencial desperdiçado’, você lamentou em um suspiro &#8211; com ar de superioridade, como quem orienta um filho. É nesse ponto da história que fica evidente quais são as condições: ou você cede as rédeas, ou morre com suas convicções” (TOMA ESSE FLOW) 
3. “E me alerta que a auto-piedade é a seqüela mais comum do amor” (só li verdades) 
4. “Pois eu te digo que o meu maior temor é que quando a minha mãe se for, ela vá intranqüila, sem a sensação de partir com a sua missão cumprida” (PENSO A MESMA COISA) 
5. “A plateia entregue e o primeiro aplauso é meu, pro personagem hostil que nunca me convenceu. Mas aplaudo mesmo assim o que o mundo inteiro há de aplaudir &#8211; sempre a começar por mim&#8221; 
6. &#8220;Eu fui temente a deus, que se manifestou sempre a meu favor (mesmo nos dias em que eu me arrastei, como por provação, sem nem distinguir meu corpo do chão)&#8221; 
7. “Quando eu era menor, eu me perguntava como deveria ser a vida em uma dessas casas à beira da estrada, tristes e isoladas. Acho que agora eu sei, pelo vazio com que eu convivo há tanto tempo“ (bah) 
8. “Tremendo de entusiasmo, eu disse ‘eu te amo’ assim que você me tocou. Incrédulo e afobado, meu desejo improvável se realizou. E essa cena sempre me volta quando eu quero fugir da jaula em que eu estou” 
9. “A meu ver, é um sacrifício, sem a menor razão de ser. Passos certeiros rumo a um abismo, mas quem sou eu para querer mudar você?” (Cartola revisitado) 
10. “Saiba que eu não reajo bem quando gosto tanto de alguém, tenha paciência comigo, não me priva de algo tão bonito” (um pedido mais que sincero)

Quando conheci o trabalho do Jair Naves, ele era o vocalista do Ludovic. Era intenso, ácido e imprevisível, tanto nos shows quanto em seus versos. Ouvir os dois discos da banda (Servil e Idioma Morto, lançados em 2005 e 2006) era lidar com histórias muito mais fragmentadas que as presentes no primeiro disco solo dele [&hellip;]

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