Com muita brasilidade, O Grilo dá uma nova cara para as boybands nacionais


Com letras reflexivas, refrões expansivos e sonoridade que mistura rock, pop e MPB, O Grilo transforma suas músicas em uma experiência sensorial
Por:

Vitória Prates

Fotos: Divulgação/Marina Vancini

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Humor e afeto. Melancolia e leveza. As músicas do Grilo contam a história da juventude, enquanto flertam com diferentes sonoridades. Do frevo e reggae ao rock e pop, o grupo enxerga os gêneros musicais como ferramenta de estilo para passar mensagens.

Em atividade desde 2017, o grupo coleciona 1 EP, Heroi do Futuro (2017) e 2 álbuns, Você Não Sabe de Nada (2021) e Tudo Acontece Agora (2024), na carreira, que conquistaram um público fiel de fãs.

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Com uma estética visual que também não passa despercebida, O Grilo chama atenção no cenário musical. As produções são um exemplo de brasilidade, como as faixas “Onde Flor” e “Alguma Coisa Acontece”, que são uma carta de amor ao carnaval.

Para quem busca um som parecido, a Rockambole, selo do grupo, também é responsável por bandas como Daparte, com feat com O Grilo, e AQUINO, que já fizeram show de abertura para o grupo. Mesmo em turnê, a banda não para de compor. Eles contam: “Aguarde o Grilo na sua cidade e peça para a gente tocar nos festivais”.

Em entrevista à Noize, Pedro Martins (vocalista), Gabriel Cavallari (baixo), Felipe Martins (guitarra) e Lucas Teixeira (bateria) contam sobre como se conheceram, refletem sobre a carreira, músicas que não podem faltar na setlist e histórias inusitadas com fãs.

Vamos começar do começo. Como vocês se conheceram e como surgiu a ideia de fazer uma banda juntos?

TEIXEIRA: Eu e o Cavallari estudamos juntos desde os 4 anos. Passamos todas as fases da vida juntos e, na adolescência, ouvíamos muita música juntos e nos interessamos em aprender a tocar instrumentos. Tivemos muitas bandas, inclusive do colégio, que tocava no intervalo das aulas.

A vida foi tomando seus próprios caminhos, fomos para faculdade e, lá, o Cavallari conheceu o Pedro, na ESPM. E falamos: “Vamos tentar continuar a ter uma banda, estou sentindo falta de tocar”, e o Cavallari disse que conheceu o Pedro, um cara que era bom em cantar e tocar violão.

Era raro termos vocalistas homens nas nossas bandas e que não eram vocalistas que apenas cantavam rock com grave. O Pedro foi um acalento para gente. Formamos O Grilo, na época com outros 2 amigos. Fomos atrás do produtor Jean Dolabella, alguém bem experiente na área, tivemos sorte de conhecer ele, que foi responsável por produzir o EP Heroi do Futuro (2017).

Mesmo sendo muito verdes na época, conseguimos lançar o nosso EP de uma forma bem legal. Nossa música mais tocada até hoje é de lá – “Serenata Existencialista”. Depois, essas duas pessoas saíram da banda, por questões da vida, a vida de músico não é algo fácil de se levar.

Na faculdade de Produção Musical, eu conheci o Fepa, nos conectamos, apresentei ele para os meninos e formamos O Grilo na formação atual, em 2019, e aí a coisa começou a acontecer de verdade.

2019 foi o primeiro ano que vocês tocaram no Lollapalooza. Como foi a experiência de se apresentar no festival?

TEIXEIRA: O Lollapalooza aconteceu um mês depois que o Fepa entrou na banda, era o 2º show dele. Foi a semana mais estressante das nossas vidas. Tivemos grandes padrinhos neste momento, como Jean e a Rockambole.

FEPA: Pé quente. Foi maluquice, preparar um show de festival em 1 semana é impossível.

PEDRO: Em uma sexta-feira, estávamos fazendo show para 90 pessoas e, nesse mesmo dia, descobrimos que iríamos abrir o Lollapalooza, na outra semana. Foi uma semana de muita caos.

CAVALLARI: Foi na Casa do Mancha. Estávamos super animados para tocar nessa casa, que o Terno, Boogarins, Selvagens e outras bandas que nos inspiravámos já tinha tocado lá. Nesse mesmo dia, descobrimos que iríamos tocar no Lolla. Essa semana, na vida de todos nós, foi uma grande virada de página. Um surto coletivo muito foda.

Como nasceu o nome O Grilo?

PEDRO: É para dar a resposta de verdade? Vamos lá. Quando eu e o Cavallari estávamos na faculdade de Publicidade e Propaganda, tínhamos um amigo, que não era músico, mas falou uma vez que, um amigo dele, que também não é músico, se ele tivesse uma banda chamaria ela de O Grilo.

Nós, que éramos músicos, não profissionais, mas éramos músicos, tínhamos uma banda, mas que não tinha nome, mudamos o nome do grupo do WhatsApp para “O Grilo” e ninguém mudou de volta. Teve o primeiro show, que nos apresentamos dessa forma e ficou para sempre.

CAVALLARI: É muito difícil dar o nome para uma banda. Não sei outras histórias, mas, cara, sei lá! Mas esse foi o nome que mais soou bem e que, de alguma forma, nos reconhecemos dentro desse nome.

PEDRO: Hoje em dia, fiz as pazes com o nome. Essa é a parada, mas não tem nenhum glamour. Só calhou de ser mesmo.

Vocês tinham outros nomes em mente para a banda?

PEDRO: Nem lembro agora. Eu gostaria de ser o Vovô Bebê [risos do grupo]. Minha banda do colégio já chamou William Bonner, Animais Genéricos.

TEIXEIRA: Pior que não tínhamos, mas Vovô Bebê é um baita nome.

Quero falar sobre o processo criativo. Como é a composição? Quem costuma escrever as letras?

PEDRO: É coletivo.

TEIXEIRA: É coletivo e varia de álbum para álbum. No começo, era o Pedro quem trazia mais, a gente também trazia algumas coisas e depois arranjava em banda. No Você Não Sabe de Nada (2021), a gente começou a fazer mais músicas em jam. O Fepa entrou e trouxe muita coisa diferente, em termos de riffs e acordes de guitarra.

O Tudo Acontece Agora (2024) foi um álbum que saiu muita produção das jams, talvez até mais do que o Você Não Sabe de Nada (2021). Nos álbuns, costuma ser 50/50, 50% o Pedro traz e os outros 50% a banda faz coletivamente e depois o Pedro floreia.

Boa parte das músicas do Grilo se aproximam de uma vibe mais rock, mas vocês sempre tentam quebrar esses paradigmas, trazendo samba e MPB. Como vocês, aí de dentro, definem o som do Grilo?

FEPA: Indie rock MPB [risos do grupo] Pode chamar de indie rock, indie pop rock.

CAVALLARI: Eu achei uma definição legal, que era MPB: música progressiva brasileira.

PEDRO: Nós, quando estamos compondo, não nos prendemos muito a rótulos. Se a música está soando mais ou menos rock, no fim do dia, não é muito interessante para a gente pensar desse jeito. Rock, a gente não pensa como estilo, mas como ferramenta.

Seria interessante deixar esse último refrão mais expansivo, como eu posso fazer isso? Posso usar recursos que o rock entrega para a gente. Nós, como pessoas, gostamos de rock e de metal, então acaba entrando, mas não é por isso que vamos deixar o lado da brasilidade de fora. Que, inclusive, ouso dizer é o maior diferencial da banda. A gente conseguir misturar rock com outras coisinhas.

CAVALLARI: Inclusive, estávamos vendo o documentário do selo Banguela Records e é muito louco porque isso do rock com a música brasileira é algo muito antigo. Você vê desde Paralamas do Sucesso, ou até antes, com Mutantes, Novos Baianos, o Gilberto Gil e o Caetano Veloso também já exploraram muito isso.

Depois, nos anos 90, tem o Raimundos, misturando música nordestina com rock. No final das contas, estamos seguindo o mesmo. Também ouvindo referências modernas, como o Tame Impala e Daft Punk.

PEDRO: MPB é um conceito tão genérico. Cada um vai beber dela de um jeito diferente, que vai soar completamente diferente.

Recentemente, vocês fizeram um show na Audio, que foi o maior da carreira de vocês. Como foi a sensação de estar naquele palco? O que fez o show ser tão especial?

FEPA: Foi muito histórico. A gente já foi lá em outros shows, em eventos maiores. Também foi ótimo poder ter participações, como o Danilo Cutrim, que é de uma banda, já quase lendária do Brasil – Forfun – Foi incrível, uma equipe maior, poder utilizar o telão, a passarela, fazer um momento acústico.

A gente pode brincar com bastante coisa. Foi foda, e é foda porque a gente se prepara tanto para um momento que, na hora, passa tão rápido. Tanto que a gente sai do show, e já tem gente pedindo o próximo.

CAVALLARI: Esse tipo de show acontece de tempos em tempos, shows que acabam sendo muito importantes para a gente. Os dois Lollapalloozas com certeza foram, o Rock In Rio, o Circo Voador, ou até quando a gente toca pela primeira vez em Manaus. E, pra mim, são shows, como o Fepa falou, que no momento parece que durou 5 segundos.

O diferencial do show da Audio foi que a gente preparou esse momento acústico. Foram 4 músicas, em que fomos para frente na passarela, e foi um momento voz-e-violão, que deu para olhar, muito perto, do rosto das pessoas, e ver elas cantando junto, se emocionando.

Foi o momento que, nesse show, eu consegui respirar, e foi muito bonito, de ter que segurar o choro. Tive que me segurar, porque tinha que cantar, para não dar aquela desabada. Mas, quando vemos as fotos e os vídeos, é incrível. Com certeza, esse show entrou para a história, e temos vontade de fazer muitos outros assim.

PEDRO: Até porque ele era um show celebrativo da carreira inteira. Por ter esse tema, você fica mais contemplativo. Você pensa que: “Caraca, há 6 anos nunca imaginaria colocar 1.500 pessoas no mesmo lugar, cantando as coisas que eu fiz no meu quarto, de cueca”. É muito maluco, não tem nada que possa descrever. É um sentimento muito muito louco.

Falando das produções, Heroi do Futuro (2017) tem uma pegada bem existencialista, como o próprio single do EP entrega. Como vocês enxergam ele hoje?

TEIXEIRA: A gente como 4 adolescentes que estavam querendo fazer música, tinham muita vontade, mas não tinham muito recurso e nem conhecimento, mas que tinham alguma coisa para falar. Até hoje é um EP muito escutado pelas pessoas.

Existe esse sentimento bonito de olhar para trás e ver a adolescência dele, mas também é bonito olhar a evolução de lá para cá. É um EP que dependemos muito da estrutura que conseguimos e dos produtores que ajudaram muito a gente, a conseguir gravar.

PEDRO: Eu diria que é ele é um dos nossos trabalhos essenciais. A gente tem que dar o primeiro passo de algum jeito. Olhando para trás, eu penso que foi o passo mais bem dado que a gente já deu? Não [risos]. Mas também não posso olhar com desdém para ele. Os fãs mais novos tendem a gostar bastante desse EP.

CAVALLARI: Eu acho que também tem a beleza da inocência. Ele é muito sincero. São nossas primeiras composições, nosso primeiro contato com um estúdio profissional, é tudo verdadeirão. E é legal, hoje dá uma nostalgia dessa época, porque éramos outras pessoas. No começo da adolescência, muito mais virjão [risos].

O quanto O Grilo cresceu e evoluiu em Você Não Sabe de Nada (2021)?

TEIXEIRA: Acho que crescemos e evoluímos bastante. Com um novo integrante, o Fepa trouxe um universo musical completamente diferente para a banda, muitas referências que não tínhamos, como reggae, música brasileira e rock pesado.

Também foi um momento que a gente se ligou que precisava estudar e precisava escutar músicas diferentes, entender que não existe um tipo de música, mas que existe beleza em qualquer tipo de música. A sabedoria é saber filtrar e interpretar elas da sua maneira.

O Você Não Sabe de Nada (2021) chegou nesse momento. Também em um momento de pandemia, que a gente estava olhando muito para dentro e se reinventando. Eu acho que é um álbum muito legal, porque ele sintetiza tudo isso.

CAVALLARI: Também tem um quê de adolescência, no sentido de que estávamos muito curiosos nessa época. Foi quando a gente descobriu muita coisa, aquela energia de quando você está vendo tudo pela primeira vez. Na sua essência, O Grilo sempre quis explorar diferentes tipos de linguagem, mas no Você Não Sabe de Nada (2021), a gente quis bastante isso.

Então, esse álbum tem muito disso, mas ele também foi muito desafiador, em termos de gravação. Temos muito carinho por algumas músicas desse álbum, como “Guitarrada”. Nela conseguimos explorar referências nortistas que nenhum de nós tínhamos, além do Fepa, do carimbó e da guitarrada e que, na minha opinião, soa muito diferente de outras músicas do Grilo.

O Tudo Acontece Agora (2024) tem uma narrativa em torno de uma agência de viagens fictícia. De onde veio essa ideia?

TEIXEIRA: Nasceu em uma ida ao brechó. A gente costumava ir bastante para pegar roupa para show, e aí, eu vi a camisa de um piloto de avião e falei: “Seria foda se a gente fizesse um show de comissários de bordo”. A próxima sinapse foi: “E se a gente tivesse uma companhia aérea?”. E a próxima foi: “E se a gente tivesse uma agência de viagens?”

Tem esse lado da brincadeira, e depois fomos entendendo alguns significados de viagem, e qual a relação daquilo com o momento que a gente estava passando e falando nas letras. É muito louco como esses conceitos vêm de uma forma muito cotidianesca e depois se revelam muito mais profundos.

Óbvio que não é um álbum que fala sobre agência de viagens, mas é um álbum que fala muito sobre mudanças, sobre olhar a vida com outros olhos e tentar aproveitar a vida como se fosse uma grande viagem.

Esse contexto todo trouxe um fundo legal para o Tudo Acontece Agora (2024). Essa frase também representa muito bem o que a gente estava passando nas músicas, o resto é visual, com sessões de fotos, clipes e fomos explorando tudo que tinha para explorar no tema, é um conceito que dá pano pra manga.

PEDRO: Se tem uma coisa que faz parte da vida de um músico são as viagens. A gente passa mais tempo em ônibus, avião e aeroporto do que em cima do palco, se você não aprende a valorizar o momento, você vai ser muito infeliz, viver apenas das migalhas de palco é muito complicado. Esse negócio de agência de viagens deu tão certo que recebemos a mensagem de um assessor, que trabalha com companhias aéreas, perguntando se a gente queria trabalhar com ele.

Teixeira, além do Grilo, você também faz parte do Pluma e o som das duas bandas são muito diferentes. Como é seu processo de criação musical de um grupo para o outro?

TEIXEIRA: É difícil de explicar. É como se, um dia você vai jantar com seus pais e você é uma pessoa e, no outro dia, você vai jantar com seus amigos e é outra pessoa, é basicamente isso. Eu consegui criar essas duas personalidades dentro de mim.

Música também é um tipo de linguagem, e eu gosto de muitos tipos de som, o que eu tento fazer é explorar cada um desses estilos de uma maneira profunda. O Grilo já é algo muito enraizado dentro de mim, desde a adolescência, porque vem do rock, da música brasileira, do pop, da energia ao vivo. Eu não preciso fazer muito esforço para ser essa pessoa pra já ser essa pessoa.

Já o Pluma veio de um outro processo, um amadurecimento musical que aconteceu na faculdade de música, de conhecer outros estilos musicais, como neo soul, R&B, jazz, entender outras emoções que envolvem outros estilos de música. A partir daí, eu fui construindo essa linguagem, que são bem diferentes.

Inclusive, o show com essas 2 bandas é completamente diferente um do outro em relação a sentimentos e ao próprio instrumento. É uma caixa diferente, pratos diferentes, baquetas e modo de agir no palco diferente, mas é muito enriquecedor para mim, para minha profissional e para a minha personalidade. Eu gosto de ser esse camaleão.

Fepa, quais influências do som manauara você traz para o Grilo e artistas que admira por lá?

FEPA: Para mim, essa sonoridade é muito natural, eu cresci ouvindo, indo em eventos, tocando, então era algo muito natural. Os gêneros, como guitarrada, beiradão, carimbó, boi bumbá, dentre vários outros estilos que existem por lá, não necessariamente só em Manaus, mas no norte todo, tanto que guitarrada e carimbó são muito fortes no Pará, por exemplo.

Outras bandas fazem essa mistureba, como Tucumanus, Selva Madre, Johnny Jack Mesclado. O reggae lá é muito forte, também tive minhas bandas de metal e rock. O metal lá é muito forte, principalmente o melódico e o mais pesadão.

Para mim, foi natural trazer essa sonoridade. Como o Teixeira falou, todos nós estávamos em uma época de buscar sonoridades brasileiras, estávamos muito abertos a estudar, nos reinventar, pesquisar, tocar e aprender, e as composições foram saindo naturalmente. Todo mundo vai se retroalimentando musicalmente entre os estilos e as misturas.

Pedro, vocês funcionam muito bem como uma unidade, mas é você quem comanda o show. Como foram suas primeiras experiências no palco e como você vem evoluindo?

PEDRO: Eu sinto que eu comando zero o show. O palco foi algo muito louco para mim porque, no início, era muito ruim mesmo. A primeira vez que eu subi em um palco, foi na escola, e eu fiquei super nervoso. Também teve uma vez que eu fui cantar “Hotel California”, fui com a letra na mão, para não esquecer, mas eu tremia tanto que errei toda a música.

Depois disso, falei: “Nunca mais subo em um palco na vida” E, cá estou eu trabalhando com isso hoje em dia. No começo da banda até 2020, eu não gostava muito de show, não era uma parada que me deixava muito a vontade.

Eu me sentia esquisito, e, acho que, tendo que ficar em casa na pandemia, preso, refletindo a vida inteira, eu percebi que gosto de palco. Eu voltei muito mais tranquilo. Ainda sinto que tenho muita coisa para melhorar, mas, com certeza, hoje em dia é um ambiente que me faz super feliz, sinto mais vontade e cada vez estamos ficando mais amigos, o que é ótimo.

Cavallari, “Tira a roupa” é um dos momentos mais esperados pelos fãs nos shows. Me fala mais sobre essa música. Quando vocês fizeram, esperavam esse sucesso todo?

A gente fez esse feat com a Daparte e, a galera da banda é muito descontraída, a temática desta letra surgiu a partir do vocalista, o João Ferreira, e fizemos ela na diversão. Íamos gravar um clipe, em que todo mundo ficava pelado, acabou que não deu muito certo [risos].

Então, gravamos em um show, que fizemos com a Daparte, no Circo Voador, ficou um clipe muito legal, e eu acho que foi ele que deu muito poder para essa música. Quando você abre no Spotify, ela não é uma das músicas mais escutadas do Grilo, se você olhar só numericamente, você não imaginaria que ela seria uma das músicas que as pessoas mais pediriam.

Mas exatamente pelo clipe ter sido gravado em um show, que foi super caloroso, ter a galera girando a camiseta, deu uma vibe para a música. E, ao mesmo tempo, tem muitos fãs que querem ver a gente tirando a roupa [risos], a gente tem um quê de boyband.

A gente não escolheu isso, mas acaba sendo, e a gente gosta disso. Eu canto a primeira parte da música, porque não é sempre que a gente está junto com a Daparte, mas as pessoas pedem em todos os shows, tanto que a gente jogou ela para o bis, para dar aquela animada final.

Vocês falaram desse quê de boyband. Como e porque vocês acham que o grupo ganhou essa fama?

TEIXEIRA: Eu acho que é meio inevitável quando você é uma banda que se comunica com adolescentes. O nosso público está entre 15 a 22 anos, e, esse público adolescente é muito feminino. Quando você é adolescente, você gosta muito das coisas.

Então, tem esse lance de buscar referência nos seus primeiros ídolos da vida. É sua primeira referência sobre estilo de vida, arte e cultura. Acabamos entrando nesse estereótipo, que eu acho legal também, toda conexão que é autêntica é válida. E, ao mesmo tempo, que a gente vê essa galera, cada vez mais vemos o pessoal um pouco mais velho colando nos shows.

O Tudo Acontece Agora (2024) é um álbum mais melancólico, mais maduro, que pega uma galera mais velha. Vemos essa diferença no tratamento dos fãs também, shows que a galera grita e shows que a galera tá mais de boa, só cantando as músicas e, geralmente, é uma galera mais velha.

PEDRO: Como um adolescente feio que odiava boyband fazer parte de uma agora, sair na capa da Capricho e essas paradas todas, é esquisito, mas, por outro lado, tem uma parte muito bonita. A gente ama todos os tipos de fãs, mas quando vem um fã mais velho, ele fala: “Acho o som de vocês muito massa, vim no show e vocês tocam bem mesmo. Posso tirar uma foto?”

Isso é legal, mas também tem a pessoa que parou para fazer um cartaz à mão, com um recadinho para cada um. Outro que fala, passei 2 meses ensaiando o solo de Serenata, para tocar no sarau da minha escola, isso não tem preço.

CAVALLARI: A gente tem uma coleção de pulseirinha também. Todo show a gente ganha umas 4, 5 cada um, com os nossos nomes e variantes.

PEDRO: Já até extrapolou nossos nomes, já fizeram para as nossas namoradas também.

Quais histórias curiosas e inusitadas vocês têm com fãs?

TEIXEIRA: Na volta de Manaus, tinham fãs esperando no aeroporto. Uma menina queria que a gente assinasse o braço dela porque ela ia tatuar nosso autógrafo.

PEDRO: Uma clássica, que foi quando a gente sacou que tinha fãs, de fato, foi na volta de um show em Santos, eram umas 2 da manhã, fomos no drive-thru do McDonalds, daqui a pouco, alguém bate na janela do carro e fala: “Vocês são O Grilo?”.

CAVALLARI: Em Manaus, aconteceram várias coisas. Fizemos um encontrinho com alguns fãs antes, e veio um casal de fãs, que começou a namorar em um show nosso, e eles estavam noivando. Eles trouxeram um documento, como uma certidão, para gente assinar, dando a benção para o casamento deles. O amor está no ar no show do Grilo.

Qual música não pode faltar na setlist de um show do Grilo?

CAVALLARI: “Tira Roupa” a galera pode pedir, a gente pode não tocar, a galera vai ficar puta e a gente vai ficar chateado [risos da banda] “Guitarrada” a galera não vai pedir, mas se a gente não tocar, nós vamos ficar tristes.

Por:

Vitória Prates

Fotos: Divulgação/Marina Vancini

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