ESPECIAL

Coração galinha

A eletricidade queer de Ana Frango Elétrico


Por: Ariel Fagundes

Ariel Fagundes

Fotos: Rafa Rocha e Hick Duarte

<div>A van tenta correr, mas o trânsito carioca não deixa. Estamos no fim de tarde de uma sexta-feira especialmente congestionada no Rio de Janeiro. É 15 de dezembro de 2023, e o terceiro disco de <strong><strong>Ana Frango Elétrico</strong></strong>, <em><em>Me Chama De Gato Que Eu Sou Sua</em></em> (2023), foi lançado no Brasil, Europa e Japão há cerca de dois meses. Ana acabou de voltar de uma turnê europeia e divide comigo a cabine da frente com o motorista. Enquanto isso, a equipe de filmagem e fotografia ocupa a parte de trás do veículo, que mal se movimenta por longos períodos.</div> <p>&nbsp;</p> <div></div> <div></div> <div></div> <div>Nossa ideia é chegar a um parque de diversões em Maricá antes do sol cair para fazer as fotos e vídeos que acompanham o lançamento desta edição, mas a cada minuto parece menos provável estarmos lá antes da noite. Ainda falta bastante para sairmos da engarrafada ponte Rio-Niterói, e o jeito é aproveitar o tempo para gravar as entrevistas que compõem boa parte dos depoimentos de Ana publicados nesta revista.</div> <div></div> <div>Recostado no banco, Ana responde com tom de voz relaxado, falando rápido, mas sem exaltações. Entre dúvidas e certezas, ele vai comentando as diferentes camadas do seu novo disco, da poesia aos timbres, da capa ao show. Enquanto a van avança lentamente, a conversa anda rápido, acompanhando as sinapses fluídas de Ana.</div> </p>

"Na indústria de música, a gente não tem acesso à identidade queer"

<div><strong>A gente está tendo esse papo agora no meio da turnê do disco. Como está sendo levar o disco no palco?</strong></div> <div></div> <div>Sempre bom, sempre diferente. Foi um disco em que eu aprendi várias coisas sobre espacialidade, sobre às vezes menos ser mais. Nessa passagem do álbum pro palco, decidi reduzir a banda. Por uma questão de logística — tipo, posso fazer esse mesmo show em vários lugares do mundo e ele ser resolvido —, tive esse desejo de adaptar, mas também por uma questão sonora. No sentido de que, no álbum, tem um protagonismo muito forte do baixo e da bateria. Eu fiz muito show com banda grande, tenho uma queda forte por <em>big bands</em>, mas eu sinto que, na prática, ao vivo, quando tem menos elementos, você ouve tudo. E nesse álbum é muito importante que você ouça o bumbo, a caixa, o hit-hat, tudo bem e alto.</div> <div></div> <div>Então, quis reduzir pra que tudo fosse escutado. Isso é importante no show. Mas eu tô entendendo ainda essa pesquisa. Eu chamei o <strong>Guilherme Lírio</strong> pra dirigir comigo, o que está sendo muito legal. Estou conseguindo relaxar um pouco mais, podendo pensar em outras coisas que eu sempre quero e que não tenho tanto tempo. De conceito geral, de imagem, de merchand, de som. Entender esses conceitos gerais de sonoridade. Tipo, de que não é uma caixa grave, é aguda, porque o conceito do álbum sonoramente é sobre isso.</div> <div></div> <div>Está sendo um desafio, mas eu gosto muito de dar show. Eu meio que odeio também, porque antes eu fico: &#8220;Puta que pariu… Por que eu inventei isso?&#8221;. Tem umas logísticas que é foda. Só que na hora é muito recompensador, e os shows desse álbum estão muito legais. A galera está cantando muito. Comecei o show não botando versões [de outros discos], e tô vendo que não dá pra não botar. A galera pede muito &#8220;Farelos&#8221; e umas faixas antigas que, por mim, eu não tocava. Mas não dá pra não tocar, e também já está dando vontade de tocar, porque a galera quer que eu toque.</div> <div></div> <div>O Guilherme Lírio, que está assinando a direção musical comigo, está me ajudando bastante, a banda também, está sendo divertido. Ah, eu sempre tenho vontade de conseguir fazer com mais calma e mais estrutura. E sempre é muito mais do que eu estava acostumada, mas também sempre falta. Eu acho que ano que vem [2024] esse show vai estar fechado mesmo, como eu quero que ele esteja, de figurino, de luz, de som e de repertório. Já está muito legal e a tendência é só ficar melhor.</div> <div></div> </p>

<div><strong>O disco saiu também no exterior, e você acabou de voltar de uma turnê europeia. Você tem sentido que as faixas em inglês estão ajudando a ampliar a compreensão do público estrangeiro do teu trabalho?</strong></div> <div></div> <div>Sim, e sinto que, mesmo com o português, as pessoas entendem alguma coisa e gostam pra caramba. Talvez isso se dê por o meu trabalho se basear muito na sonoridade, e isso vem pela sonoridade da palavra também. Nas minhas coisas antigas, no próprio <em>Mormaço Queima </em>(2018), que é super doido, o que é pop nele é o som das palavras. Tipo: &#8220;No bico do mamilo/ Peteleco gelado&#8221;. Isso pega, é rítmico, pega independente de as pessoas entenderem o que a gente está falando.</div> <div></div> <div><strong>Tem a musicalidade da própria língua portuguesa.</strong></div> <div></div> <div>É, exatamente, e também da minha poesia mesmo. Porque eu acho que eu tenho um desejo profundo e específico de prazer com aliterações, onomatopeias, prosopopeias e brincadeiras com nossa língua, que é tão dançante e com uma rítmica fonética inigualável.</div> <div>Aprecio palavras como “crocante”, “chiclete”, “chocolate”.</div> <div></div> <div><strong>E como foi levar essa pesquisa sobre o som das palavras pro inglês?</strong></div> <div></div> <div>Ah, bem verdadeira, no sentido de que eu não vou ficar fazendo sotaque em inglês nem ficar tentando falar um negócio que eu não falo. É aquele &#8220;broken english&#8221; mesmo, e no resto eu assumo o português. O desejo de colocar em inglês vai no lugar de chamar atenção, de isca, pra que você compreenda alguma coisa e talvez imagine o resto a partir do som. O público gringo vai ter duas músicas entendendo o que eu estou falando, então talvez seja uma isca pra que eles usem a imaginação e procurem entender o que está sendo falado de resto.</div> <div></div> <div>E pensando musicalmente, não é à toa que, no Brasil, a gente tem uma tradição da voz mais pra frente na mixagem da música, principalmente a orgânica. Acho que é por uma tradição, e que talvez poderia ser um pouquinho mais baixo [o volume da voz nas músicas], mas não é uma língua que dê pra enterrar tanto na mix porque embola. Tem muito ritmo, muita vogal. Se a gente botar um <strong>Michael Jackson</strong> bem baixinho, você vê o que vai estar pintando antes da voz do Michael, e é bizarro, no Brasil isso não existe. Em inglês, posso experimentar um lugar da voz que tem a ver com referências minhas e que eu acho que é difícil experimentar em português. E aí, para mim, isso é quase científico. Então, entra nesses dois lugares: o da isca e o da experimentação vocal.</div> <div></div> <div> <div><strong>No disco, você canta, compõe, toca, produz, dirige. O que você acha que tem de pior e de melhor em concentrar tantas tarefas na criação de um álbum?</strong></div> <div></div> <div>Pra mim, só tem lugar positivo. Foi muito bom pra mim como artista. Foi um disco em que eu fiquei com o meu ego muito tranquilo, menos ansioso. Porque estava na minha mão, então eu sabia o que precisava fazer, o que faltava, o que dava trabalho, o que não dava. Tive que parar o disco por causa de dinheiro várias vezes. Não tinha como terminar sem dinheiro, e eu sabia disso, então fui tendo calma pra fazer ele do jeito que estava dando.</div> <div></div> <div>E ao mesmo tempo em que eu concentro muitas coisas, tem muita gente. Todo mundo que está envolvido é escolhido precisamente por mim por achar que tem a ver com tal coisa, por querer perto por tal motivo. Tem muita gente comigo e isso traz uma leveza pro processo. Não tenho vontade de ser uma pessoa que grava tudo. Eu gosto das outras pessoas, me faz bem, musicalmente me acrescenta. Acho que energeticamente agrega ao fonograma e também num termo técnico. Tem muita gente que faz um trabalho incrível, tento chamar pessoas que eu admiro.</div> <div></div> </div> <div> <div><strong>Sobre o disco enquanto objeto sinestésico, sobre os sentidos que ele provoca pra além da música, como foi seu pensamento sobre isso? </strong></div> <div></div> <div>Eu tinha o desejo de ser um álbum bem esteticamente queer. Na indústria de música, a gente não tem acesso à identidade queer — em &#8220;queer&#8221;, estou falando de um lugar amplo. Porque eu sou uma pessoa não binária, também estou falando de uma falta de linguagem visual gay, sapatão, trans. Em &#8220;queer&#8221;, estou englobando tudo isso. E eu sinto falta disso, a gente tem imagens superficiais de pessoas trans, de pessoas sapatão, de pessoas gays, de pessoas não binárias. A gente tem imagens, mas a gente não tem acesso profundo a essas identidades estéticas, emocionais e sexuais. Nesse disco, eu quis tratar sobre isso.</div> <div></div> <div>E aí pensando também na minha possibilidade dentro do meu tempo, com todos os seus pesares e as suas maravilhas, de eu poder me produzir e poder me dirigir e fazer a direção de arte — eu que sou uma pessoa que estudei isso, e tenho vontade de estudar cada vez mais artes visuais e estética — eu pensava muito nesse meu lugar no tempo e na possibilidade de me apossar de mim e de poder ditar uma imagem de mim. Na indústria, não é comum isso. É comum com homens cis, e mesmo assim é controlado, é bem específico.</div> <div></div> <div>Eu achava interessante entender a minha possibilidade enquanto artista atual no meu tempo de contribuir para uma estética queer que eu tivesse controle. Este trabalho traz esse desejo, e com o trabalho de várias pessoas, como o desenho da <strong>Fernanda Masotti</strong>, o projeto gráfico da <strong>Maria Cau Levy</strong>, as fotos do <strong>Hick Duarte</strong>. E eu queria os tigres. Tinha um conceito que eu tinha entrado, tipo: &#8220;hiding vs. hunting&#8221;, que eram os tigres e a zebra, a caça, e até isso do &#8220;Frango Elétrico&#8221; — uma confusão da caralho da bicharada. Mas eu cismei com os tigres, não sei por quê. Eu tive essa visão, e era isso. Também queria que não fosse uma capa com a minha cara.</div> </div> </p>

<div><strong>Comparando aos anteriores, você traz mais reflexões sobre a dimensão do amor nesse disco, é a documentação de um processo? </strong></div> <div></div> <div>Totalmente, mas a minha carreira como um todo é um processo. Comecei cedo, então já aceitei que meu processo, tanto musical — de evolução, de melhora, de estudo — quanto de identidade, ele é aberto. Por mais low profile que eu seja, artisticamente é um processo aberto na medida em que eu tenho 25 anos e já tenho três discos, tenho entrevistas desde os meus 18 anos, com pessoas falando coisas certas e coisas erradas, e eu falando coisas que eu gosto e que eu não gosto. Então, aceitei um lugar de work in progress na minha carreira e na minha vida. O que é ruim e bom ao mesmo tempo, às vezes eu gosto, às vezes eu não gosto.</div> <div></div> <div>E é um disco que fala sobre mim mesmo. É engraçado, o disco que tem menos composições minhas é o disco que talvez fale mais sobre mim mesmo. Mas tem a ver com o processo de poesia. Eu tenho uma coisa na minha poesia que tem muito a ver com a poesia que fala do mundano, que retrata a praça como a praça é agora, que, em alguma medida, relata e fixa elementos ordinários no nosso tempo de uma forma histórica. No <em>Little Electric Chicken Heart </em>(2019), por se referenciar tanto na nostalgia musicalmente, poeticamente eu fazia questão de atualizar, de trazer elementos que falam de agora, que não são dos anos 1950. E aí esse disco ele já deu o caminho para outros tipos de poesia mesmo.</div> <div></div> <div><strong>Você vê diferença, no processo de composição, quando lida com sentimentos reais teus, íntimos, em relação à elaboração de situações externas a ti? </strong></div> <div></div> <div>É diferente. Quando falo sobre mim, surge num lugar introspectivo. O lugar de poesia ordinária vem de eu estar aqui olhando a ponte [Rio-Niteroi, onde estávamos passando de van], a gente aqui, pensando no carro, no asfalto, e aí eu vou anotar alguma coisa. Vem neste lugar de sair, ouvir, estar fora e anotar, e depois reunir, e depois musicar. Em processos mais íntimos de poesia, costumo estar sentindo algo, e aí sair enquanto eu tô tocando.</div> <div></div> <div><strong>Sobre o conceito queer do disco, pegando o termo no sentido mais amplo, a questão da divergência está expressa nas letras e no visual, mas o disco também traz uma reflexão sobre sonoridades divergentes. </strong></div> <div></div> <div>Totalmente.</div> <div></div> <div><strong>Ainda tenha um apelo pop, está longe da sonoridade hegemônica nas rádios, por exemplo. Como você vê isso?<br /> </strong><br /> É, eu vejo de uma forma intuitiva e natural. Comecei falando poeticamente sobre um assunto, depois entendi que musicalmente isso pode ser citado e muito refletido também. Mas é de uma forma verdadeira e tranquila, sem pensar tanto. Não é um disco tipo: &#8220;O que é ser não binário no Brasil hoje&#8221;. É isso, mas eu não pensei ele de uma forma muito identitária. E eu não tenho nenhum objetivo de que esse disco entre numa caixa, isso não tem a ver com ele.</div> <div></div> <div>A identidade vem como reflexo e como desejo de que tenha essa contribuição principalmente esteticamente. Mas eu não fiz e nem penso em divulgar ele de uma maneira &#8220;bíblica&#8221;. Acho que é só uma de mil possibilidades do que seria uma identidade não binária, por exemplo. Inclusive porque relata uma baita confusão. O título é confuso, ele fala de confusão.</div> <div></div> <div><strong>É o disco que mais fala sobre você, mas é também o que tem menos composições só suas, e é o único que não traz você na capa. Tem esses jogos, né? </strong></div> <div></div> <div>Total. Aí eu acho que o assunto vai predominar, e o título, né? O título é sempre uma coisa que carrega o símbolo do que a gente tá querendo dizer, e o título foi uma coisa que veio primeiro no álbum.</div> <div></div> <div> <div><strong>Sobre a sonoridade ainda, você trouxe mais o eletrônico nesse álbum. Como você buscou jogar e equilibrar isso com o universo orgânico?</strong></div> <div></div> <div>Ao contrário do <em>LECH</em>, que tem uma sonoridade muito específica, neste disco eu queria que tivesse uma mistura. Um terço das músicas era uma referência de caixa dos anos 1970 com processamento dos anos 80, mas com mais punch, com closes. Mas em &#8220;Let&#8217;s Go To Before Again&#8221; e &#8220;Debaixo do Pano&#8221;, eu usei a caixa do 808 [drum machine TR-808] e também botei um gate reverb.</div> <div></div> <div>Então, o disco todo é uma mistureba das coisas que eu realmente ouço. O <em>Mormaço</em> é um desabafo, uma coisa impulsiva, que vai ter a ver com outros processos muito mais do que com o que eu acho que é um fonograma. Sei lá, era um primeiro álbum. Eu não sabia o que eu queria, nem queria fazer música. Já o <em>LECH</em> é uma pesquisa. E eu acho que o <em>MCDGQESS</em> fala sobre mim musicalmente mesmo.</div> <div></div> <div>Eu ainda me baseio muito no orgânico e coloco o eletrônico como um tempero — à exceção de &#8220;Let&#8217;s Go…&#8221; e  &#8220;Debaixo do Pano&#8221; —, porque onde eu tenho mais aprofundamento tem a ver com o trabalho orgânico, como instrumentista de guitarra e de piano, de pensar muito o som da bateria, de ter desejo de forçar um pouco a barra dentro da instrumentação orgânica. Mas acho que o futuro é essa mistura. Talvez às vezes mais eletrônica do que orgânica, mas com elementos orgânicos, e às vezes mais orgânica do que eletrônica. O futuro seria essa mistura tanto esteticamente musical quanto esteticamente visual.</div> <div></div> <div><strong>Você tem estudado o eletrônico, é uma coisa que gostaria de aprofundar?</strong></div> <div></div> <div>Sim. Eu gosto muito de drum machine, de sintetizador, de programar, de mexer na DAW [&#8220;Digital Audio Workstation&#8221;, como se chamam os softwares de gravação e edição]. Estar ali nas coisas. Então sim, eu tenho muita vontade de me aprofundar mais.</div> <div></div> </div> </p>

"O disco que tem menos composições minhas é o disco que talvez fale mais sobre mim"

<p><span class="embed-youtube" style="text-align:center; display: block;"><iframe class='youtube-player' type='text/html' width='640' height='390' src='https://www.youtube.com/embed/ISl88_PqUlk?version=3&#038;rel=1&#038;fs=1&#038;autohide=2&#038;showsearch=0&#038;showinfo=1&#038;iv_load_policy=1&#038;wmode=transparent' allowfullscreen='true' style='border:0;'></iframe></span></p> </p>

<div><strong>Com o lançamento de </strong><strong><em>MCDGQESS</em></strong><strong>, saíram matérias e entrevistas nos principais veículos do país, o que não é tão comum entre artistas que vem de um underground. Onde você se vê dentro da pirâmide da indústria musical brasileira?</strong></div> <div></div> <div>Eu me vejo fazendo algo que as pessoas dos veículos talvez não entendam tanto. E aí eu acho que elas querem falar sobre por… sei lá por quê. Ah, porque tem o &#8220;Ana Frango Elétrico&#8221;, que cai às vezes um lugar meio cômico. Mas é engraçado, quanto maior o jornal, mais eu não gosto das matérias, normalmente. Acho que erram coisas fundamentais, que depois ficam se dissipando <em>ad eternum</em> nas perguntas pra sempre. E é engraçado isso.</div> <div></div> <div><strong>Tem algum exemplo? </strong></div> <div></div> <div>Ah, tipo, anos atrás, no <em>LECH</em>, saiu a minha data de aniversário errada no <em>Globo</em>, coisa errada sobre o meu sobrenome… E até hoje é o que falam, sabe? E aí eu não consigo mudar no Wikipédia, por exemplo. Então, é engraçado. Saiu agora no <em>Globo</em> e o nome do disco estava errado. Então assim, não sei. Obviamente eu quero crescer, mas também me irrita muito algumas coisas. Sou uma pessoa um pouco estressada com essas coisas.</div> <div></div> <div>Mas no cenário eu me vejo como uma pessoa criativa, que não está imitando ninguém. E acho também que falam de mim porque, dentro disso, eu estou no Sudeste, sou uma pessoa branca de classe média, e estou perto desses veículos de alguma forma. Mas talvez tenha o fato de eu não estar imitando ninguém e estar construindo um lugar que, no final das contas, é só meu. Porque não tem ninguém que eu estou plagiando, imitando ou seguindo onda nenhuma. Estou literalmente seguindo a minha onda, e graças a Deus.</div> <div></div> <div><strong>Onde você visualiza o seu trabalho no futuro?</strong></div> <div></div> <div>Eu gostaria de trabalhar mais com artes visuais também, ganhar mais dinheiro com isso. Espero estar com um estúdio legal. Um sonho meu é a casa própria num lugar que eu possa construir um estudiozinho, trabalhar com tranquilidade. E trabalhar com outras pessoas. Tenho muito desejo de estar em estúdios grandes, dirigir shows grandes, não necessariamente meus.</div> <div></div> <div>Acho que o meu trabalho não tem só a ver com Ana Frango Elétrico. Isso é o que eu menos tenho ideia do que eu vou estar fazendo, também não tenho muito controle. Tenho sonhos que tem a ver com realizações materiais, que provocam seguranças emocionais. E objetivos de viajar, de conhecer vários lugares. Sonho em conhecer o Japão, gravar em tais estúdios, em trocar com certas pessoas musicalmente… Acho que os meus sonhos estão aí.</div> <div></div> <div>E aí eu espero também conseguir fazer mais álbuns. Já tenho ideia pra dois álbuns, a minha ideia é construir uma discografia mesmo, que seja longa e seja um trajeto. Aquilo que a gente tava falando do trabalho em aberto, work in progress. Aproveitar que eu comecei cedo e engatar. Tenho vontade de engatar.</div> </p>

Por: Ariel Fagundes

Ariel Fagundes

Fotos: Rafa Rocha e Hick Duarte

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