Joaquim estreia “Varanda dos Palpites” com pinta de clássico e influência blues


Por:

Erick Bonder

Fotos: Livia Rodrigues

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Em um disco que estreia com pinta de clássico, Joaquim, o cantor, compositor e pianista paulistano de apenas 23 anos, dá o pontapé inicial em sua carreira solo. Lançado em 15 de maio, Varanda dos Palpites mistura a vocação popular à alta qualidade técnica, com produção dividida entre o próprio artista e Marcus Preto.

Com arranjos pautados pelas teclas, seja o piano, o rhodes ou o sintetizador, o álbum conta com banda base formada por Biel Basile, na bateria, Fábio Sá, no baixo, e Filipe Coimbra, na guitarra. As participações ficam por conta de Rubel, em “Falta”, e Luíza Villa, em “Me Conta”.


O disco traz uma linguagem que remete à música popular entre os anos 1950 e 1970, especialmente brasileira e norte-americana, passeando por influências que vão do blues e do soul ao samba. Misturadas com as canções de autoria de Joaquim, estão presentes uma interpretação de “Fogueira”, de Ângela RoRo, e uma versão em português para “Something Stupid”, de Frank e Nancy Sinatra

Destaca-se no trabalho, lançado pela Coala Records, a maturidade do artista enquanto compositor, com letras que oscilam entre a coloquialidade e a sofisticação, bem como um cuidado minucioso na correspondência entre as características harmônicas e as melodias e temáticas pelas quais passeiam cada uma das canções do trabalho.

Com show de lançamento (ingressos aqui) marcado para 12/6, uma quinta-feira, no porão da Casa de Francisca, em São Paulo, Joaquim preparou um faixa a faixa exclusivo para a NOIZE, contando um pouco a respeito do processo criativo por trás de cada canção. Confira abaixo. 

*

1. “Emboscada”: Na época, estava explorando uma dinâmica de piano meio Stevie Wonder, meio gospel americano, mão pesada, aqueles acordes característicos, e começamos, eu e Leo Quintella, a compor a partir dessa exploração. A letra não teve nenhuma modificação desde a primeira versão.

2. “Varanda dos Palpites”: Das músicas mais “intencionais” do álbum, no sentido de que queria há muito tempo compor algo mais groovado, pontudo, com uma cozinha chique (Fábio Sá e Biel Basile resolveram isso). A letra entrou depois de algumas tentativas de fazer encaixar aquela descida do fá sustenido – fá – mí menor em uma harmonia que fechasse. A referência a “Wave” foi, tal qual aparece na música, a última coisa a entrar. Lembro de estar falando com o Tó Brandileone (mixer) sobre a vontade de adicionar linhas de metais nela, usando de referência os metais da música “Baby 95”, da Liniker. Ele já havia sugerido chamar o Will Bone, mas quando fomos ver e era justamente ele que havia tocado os sopros da minha referência, ficou bem fácil escolher.


3. “Chumbo Trocado”: Queria compor algo onde o tom trocasse de menor para maior (no caso, lá menor para lá maior) no meio da música e voltasse. Demorei muito para encontrar uma troca que fizesse sentido em relação à letra e música. A parte “A” saiu bem mais fácil que a B. Fui muito atrás de Angela Ro Ro para terminar a composição, quase tentando emular o processo criativo dela.

4. “Calma”: Essa é uma música mais lenta, com uma bateria arrastada, tudo meio sonolento. Foi importante que a banda, ensaiando antes de eu entrar no estúdio, baixou alguns bpms para me propor diminuir o ritmo em relação ao original. Acatei e foi a decisão mais importante na produção. Tó foi essencial na mixagem para criar um ambiente todo pro sintetizador que toca ao fundo na segunda metade da música, especialmente no final instrumental.

5. “Fogueira”: Tentando tirar uns timbres do meu teclado para um show, no começo do ano, adorei um dos sons de grand piano dele, com vibrato. Nunca tinha testado som de piano com vibrato e achei que funcionou. “Fogueira” entrou depois de tocar ela nesse show de Janeiro, com esse timbre. Quando decidimos gravá-la, achei que ficaria legal manter.


6. “Plenamente Acordado”: Também é escorada em um piano marcado, como “Emboscada”, mas mistura um pouco mais com outras referências recentes, um pouco mais brasileiras. Era importante que o refrão tivesse uma entrada forte e que se mantivesse lá em cima. Para isso, as guitarras do Filipe Coimbra foram essenciais.

7. “Falta” (part. Rubel): Foi um encaixe de última hora na gravação da banda, mas é uma das músicas que mais se justifica. Pela participação do Rubel, por ser uma regravação da minha banda, e pela composição em si. Os arranjos de cordas do Felipe Pacheco Ventura, somados depois da gravação da cozinha, foram muito importantes para a identidade do fonograma. Os quatro acordes do interlúdio do meio da música foram adicionados no estúdio, já gravando.

8. “Solitude Blues Etude”: Conta com uma rearmonização importante do meu amigo Leonardo Gomes, que encontrou relativas importantes para a música. Comecei faz muito tempo, havia quase esquecido dela, quando o Marcus Preto pediu uma música nessa onda. Tive que reescrevê-la e mudar alguns acordes (de novo). A gravação que foi ao álbum não foi gravada com essa intenção, era mais uma demo de quando gravei todo o repertório em voz e piano. Mas no fim (depois de começar a mix) ouvimos de novo, gostamos e ficamos com ela.


9. “Disciplina”: Cheguei no estúdio certo de que a intensidade que queria imprimir na segunda metade da gravação dessa música viria de acelerar os bpms até que a música terminasse “explodindo”. Acabou que, muito pela percepção do Marcus de que isso não ia se justificar, em vez de acelerar, subimos meio tom e somamos na intensidade da tocada, sem mudar o andamento.

10. “Me Conta” (part. Luiza Villa): Além de “Something Stupid”, se não fosse “All Of Me (Disse Alguém)”, não teria “Me Conta”. Até por isso, não abri as vozes, mantive uníssono. Eu não sou violonista, mas não consegui achar alguém para tocar o violão que eu queria – meio mal tocado. Aí fui eu. Por isso, tive que me esforçar bastante para não tocar muito fraco. Cantamos, eu e Luiza Villa, ao mesmo tempo, também junto do meu violão.

Por:

Erick Bonder

Fotos: Livia Rodrigues

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